Foi realizado o primeiro Casamento Comunitário Indígena, no interior do Maranhão, com 53 casais indígenas, respeitando suas tradições. O casamento foi feito na aldeia São José, terra do Povo Krikati, e possibilitou que a união desses casais tenha não só o reconhecimento do povo dos quais fazem parte, mas também da lei, tendo seus direitos enquanto cidadãos brasileiros e cônjuges, garantidos.
O casamento aconteceu a partir de uma solicitação feita pelos próprios povos indígenas durante uma audiência pública. A ocasião discutia o acesso dessa população à justiça, e uma das dificuldades relatadas por eles incluía as situações que exigem documentos, como a certidão de casamento que eles não possuíam, já que os custos processuais impossibilitavam a oficialização da união desses casais.
Por isso, a celebração coletiva foi a oportunidade encontrada para driblar esta questão. O cerimonial foi adaptado para englobar os rituais dos povos indígenas, começando com as pinturas corporais sagradas. Depois os noivos foram se reunir em um terreiro enquanto as noivas aguardaram em um casarão.
A juíza que cuidou dos casamentos, Adriana Chaves, contou ao G1 quais os direitos que agora esses casais tem. “Do reconhecimento da união deles surgem direitos, inclusive previdenciários, com a morte de algum deles”, explicou.
Um outro ritual que foi respeitado durante a cerimônia foi a da noiva esperar o noivo deitada em casa. Depois, ambos são aconselhados por um ancião da aldeia. Nesse caso, o Urbano, que dessa vez tomou o lugar de noivo e nessa ocasião se casou com a dona Filomena Krikati, de 102 anos.
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“É muito importante pro meu pai e pra minha mãe porque são muitos anos vivendo e só agora que nós estamos fazendo casamento”, contou Maria José Krikati, filha de dona Filomena, ao G1.