Com colaboração de Duda Xavier
No último sábado (14), o gerente do salão Socila da cidade de Divinópolis (MG), negou o acesso ao banheiro a uma trabalhadora negra, afirmando que “o seu banheiro não é aí não, é o da senzala”. Segundo uma outra funcionária, Iara Patrícia dos Santos, o gerente ainda reforçou publicamente. “Já falei que seu banheiro não é aí e sim o de senzala, lá é o seu lugar”.
Iara disse que se sentiu incomodada com a situação e decidiu se manifestar no grupo de Whatsapp do salão, expondo a insatisfação e o incômodo ao presenciar a cena. Segundo Iara, neste momento, o gerente justificou dizendo que apenas falou daquela forma com a trabalhadora por possuírem uma relação de intimidade, relação que não possui com Iara, portanto, não aceitaria qualquer forma de questionamento sobre sua conduta. “Sempre presenciei comentários preconceituosos, homofóbicos e racistas dentro do ambiente, com funcionários e com clientes. Uma das consequências era as clientes se sentirem rejeitadas e não irem mais ao salão”, afirmou.
Ainda de acordo com Iara, três dias após expor o seu constrangimento com o racismo do gerente, ela foi demitida. Ao questionar sobre a motivação da demissão, o gerente afirmou que recebeu diversas reclamações sobre a funcionária. Porém, o gerente se negou a comprovar os casos. “Isso não é brincadeira, é crime. Você fazer comentários sobre a história do povo negro e ainda dizer que ‘senzala’ é o lugar de uma pessoa preta ficar, você tem sim que responder isso judicialmente. Racismo é crime”, finalizou.
14 de março
Coincidentemente, o fato ocorreu no mesmo dia do aniversário de morte da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018. Marielle era uma liderança negra, que lutava pelos direitos humanos e contra o racismo.
O crime foi registrado na quinta feira (19), na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Divinópolis. A empresa foi procurada pela reportagem do Notícia Preta e até o fechamento desta matéria, não havia se posicionado.
Dou os parabéns a essa Sra que questionou publicamente o racismo ” recreativo” desse indivíduo, que agora vai responder sobre a sua conduta. Pena a demissão, mas, talvez seja melhor a saída desse ambiente tóxico, a empresa deveria vir à público, demitir o indivíduo e recontratar essa Sra que tem grande valor ético. Negros da zona sul que ascenderam socialmente e financeiramente deveriam apreender com essa Sra a não se acovardar nos seus meios sociais.