O jornalista e ativista Rene Silva foi escolhido como um dos líderes da nova geração pela revista Time. A lista de 2023, publicada nesta terça-feira (23) com 10 nomes, destaca o trabalho do brasileiro como fundador do jornal Voz das Comunidades que foi formado por ele aos 11 anos no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde foi criado.
O veículo tem a intenção de discutir questões sociais importantes enfrentadas pelos moradores, e possibilitar que comunidade seja vista de uma outra maneira. Na reportagem que conta a história do comunicador e do jornal comunitário, Rene fala sobre a importância do trabalho desenvolvido há 18 anos e sobre o objetivo do Voz. “Eu olhava os papéis e não via a favela que eu conhecia representada”, diz.
Com um grande foco na violência, Rene Silva sentiu que precisava mudar isso. “A grande mídia sempre mostrou a favela, mas sempre de uma forma muito negativa. Todas as vezes que eu abria o jornal, ligava a televisão, ligava o rádio, eu sempre via a mesma coisa sendo noticiada sobre favelas: violência, tráfico, mortes, drogas. E nunca ouvia falar sobre outros problemas sociais. Ou até mesmo em relação aos projetos culturais e sociais”, disse Rene à Time.
O ativista pontua que, com a intenção de mostrar a potência da favela, são destacados no jornal os empreendedores locais, as iniciativas culturais e esportivas, e uma série de conteúdos produzidos sobre a comunidade com o olhar de quem vive ali. Hoje, já assumindo também um papel social importante como ONG, o Voz das Comunidades também atua em outras favelas cariocas.
A revista norte-americana fala sobre os planos do comunicador e ativista em levar workshops para escolas públicas de todo o país, e afirma que Rene Silva é uma das principais vozes sobre as favelas do Rio de Janeiro, influenciando a mídia de maneira geral, e lutando por uma mudança na forma que os moradores de favela e as pessoas negras são vistas.
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“Desde que a gente fundou, a nossa missão continua a mesma: que é ampliar a voz dos moradores fazer com que, de fato, essa voz das comunidades seja ouvida para que mais pessoas da sociedade civil consigam entender qual é a realidade das pessoas que moram dentro das favelas do Brasil”, diz Rene Silva.