A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pode eleger a primeira reitoria negra. Em 103 anos, desde a sua criação, pela primeira vez, há uma chapa formada por um homem e uma mulher negros. A eleição da nova reitoria da UFRJ acontece de 25 a 27 de abril.
O historiador e, atualmente, decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Vantuil Pereira, concorre ao cargo de reitor. O acadêmico é professor associado da UFRJ para os cursos de graduação e pós-graduação do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos, do qual foi diretor entre 2012 e 2021.
No local, Pereira desenvolveu pesquisas sobre questões raciais no Brasil e políticas públicas. Também foi coordenador do programa de pós-graduação em políticas públicas em direitos humanos da universidade.
Ao lado da candidata à vice reitora Katya Gualter, o docente ressalta que a base da candidatura é democracia, autonomia e diversidade.
Katya Gualter é professora associada da Escola de Educação Física e Desportos, da qual é diretora desde 2016 e ministra cursos de graduação e pós na UFRJ. Ela se autodeclara como uma mulher preta e atuante na UFRJ há 38 anos e afirma que também há outras bandeiras, como combater a privatização ou políticas que privilegiam certos grupos no âmbito universitário.
Os candidatos da chapa destacam ainda a importância do aumento de cotas, a permanência e o fortalecimento do estudantes cotista na universidade e enfatizam a necessidade de uma política integrada na graduação e na pós-graduação para enfrentar a evasão.
A chapa também quer que mais espaços de decisão na UFRJ sejam ocupados por representantes de uma sociedade diversa.
Pereira afirma que, nos últimos dez anos, a universidade tem se transformado e, hoje, há maior presença de pessoas trans, travestis e quilombolas nos cursos de pós-graduação.
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As propostas da chapa negra que concorre a reitoria de uma das universidades mais importantes do país, também passam pela melhoria da estrutura física do campus e implantação de novos processos para cuidar da saúde de docentes e estudantes, além da busca por financiamento governamental para manter e ampliar o atendimentos do complexo hospitalar da UFRJ.
No aspecto externo, uma das bandeiras é a defesa da democracia, mantendo a universidade como um espaço crítico, além de buscar reposição orçamentária governamental, que não incorpore política de caráter privatista.