Nessa quinta-feira, (30), celebra-se o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. O marco internacional é uma iniciativa liderada pela International Society for Bipolar Disorders. A organização busca promover a conscientização e aceitação da doença bipolar, bem como eliminar o estigma associado a ela. Este movimento representa uma oportunidade de unir esforços para garantir que os pacientes recebam suporte e atenção necessária.
O transtorno bipolar é uma condição neuropsiquiátrica caracterizada por alterações anormais no humor, nos níveis de energia e atividade. Em alguns casos, pode comprometer a capacidade da pessoa realizar tarefas cotidianas.
Segundo a psicóloga, Gabriela Alves de Carvalho Souza, tanto na fase da mania quanto na fase da depressão, a bipolaridade se manifesta de formas diversas em cada paciente. “Os episódios geralmente se alternam com tempos e frequências diferentes dependendo de cada pessoa”, orienta.
Mesmo a maioria dos casos surgindo na adolescência, o diagnóstico pode levar até 13 anos. Foto: Reprodução/Pexel
Preconceito
A psicóloga relata que a sociedade vê o transtorno bipolar com preconceito, gerando marcas sociais: “Vergonha, medo, raiva e tristeza. Algumas pessoas apresentam dificuldade em manter vínculo empregatício ou ingressar no mercado de trabalho após a manifestação do transtorno”, explica.
O empresário Anderson Duarte, de 33 anos, diagnosticado acerca de sete anos, diz que sofre preconceito quando as pessoas descobrem que ele tem a doença. “Elas não acreditam que eu tenho uma vida normal, autonomia e não tenho dificuldade cognitiva”, desabafa.
Segundo Duarte, o transtorno não causa limitações no seu dia a dia, mas o julgamento das pessoas por causa das mudanças de humor repentina o afeta.
“A maioria das pessoas não sabem o que é a doença e falam que é frescura. A maior parte do preconceito que já senti foi por parte de alguns profissionais da área de saúde que não estavam preparados para lidar com o diagnóstico. Grande parte das vezes não me ouviam para tratar de forma correta”, alerta.
O empresário explica que devido aos diagnósticos errados que recebeu, a doença não foi tratada de forma adequada. Os medicamentos incorretos causaram efeitos colaterais devastadores na saúde dele. A psicóloga alerta sobre o diagnóstico: “É importante que esse seja feito pelo psiquiatra, pois será necessário um acompanhamento dos medicamentos”.
A piscóloga Gabriela Alves explica que o diagnóstico da bipolaridade deve ser realizado em conjunto com o psiquiatra. Foto: acervo pessoal
A estatística
Os dados globais da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), mostram que cerca de 4% da população adulta sofre com o transtorno. Já a pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, revela que a doença afeta cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo.
Embora o transtorno bipolar seja mais comum nas pessoas jovens, especialmente com idade entre 15 e 25 anos, o último estudo epidemiológico indicou um pico tardio entre os 45 e 55 anos. Essa condição pode afetar pessoas de todas as faixas etárias e origens, independentemente de raça, gênero ou classe social.
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O tratamento
O tratamento do transtorno bipolar consiste em uma combinação de medicamentos, terapia e mudanças no estilo de vida. Desse modo, permitindo que as pessoas afetadas consigam viver com qualidade.
“O tratamento ideal deve ser realizado de forma conjunta do médico psiquiatra, com o psicólogo. Uma vez que, em geral, é administrado medicamentos estabilizadores do humor, que deve ser recomendado pelo psiquiatra”, afirma a psicóloga.
Sobre as medicações, Gabriela diz: “O uso regular de medicamentos é fundamental, tendo em vista ser um transtorno crônico. É importante que em conjunto seja realizado o processo psicoterápico para que o paciente elabore as emoções e os sentimentos, buscando um autocuidado de qualidade”.
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