Umbanda e candomblé vem ganhando novas abordagens nas redes sociais e o cultuamento às religiões têm se tornado “virais”. Seja pelas músicas de terreiro ou até pelas histórias dos orixás e entidades das religiões de matrizes africanas. Quando são abordadas nas mídias sociais, são levantadas questões sobre o que é certo ou errado, principalmente através de vídeos.
Para o Babalorixá Pai Leandro, é necessário, primeiramente, entender de onde provém os fundamentos e, segundo ele, “é imprescindível que não nos esquecemos que religião é regional e são formações diferentes, existem mundos diferentes”, explica.
Ainda de acordo com o líder religioso, há uma comercialização da religião nas mídias, principalmente no TikTok, o que dá margem para interpretações “errôneas” e que acaba gerando conflitos e discussões nas redes sociais sobre os princípios e origens do culto.
“Universialidade do culto não existe, é importante ter diversidade religiosa nas redes sociais e ocupar espaços, até para preservar a história da religião”, complementa o Babalorixá.
Para que evite situações como essa, Pai Leandro afirma que existe uma necessidade de as casas se estruturarem para que consigam fazer a manutenção de seus membros e formarem bons sacerdotes.
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“A religião deve conquistar espaços, sim, em todos os âmbitos, mas, principalmente, ser levada de fato a um terreiro, o aprendizado pode ser adquirido de diversas formas e, nesse contexto, a vivência em uma casa de santo é sempre a melhor forma de se ter o primeiro contato”, comenta.
Preconceito em números
O relatório do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, em parceria com o Observatório das Liberdades Religiosas, aponta o aumento de intolerância religiosa no Brasil. Segundo os dados do Ministério dos Direitos Humanos, somente em 2022, foram 1.200 ocorrências de intolerância com religiões de matrizes africanas, um aumento de 45% em relação ao ano de 2021.
Em janeiro de 2023, o presidente Lula sancionou a lei que equipara o crime de injuria racial ao crime de racismo, também protege a liberdade religiosa. A lei, agora, prevê pena de 2 a 5 anos para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.
A pena será aumentada a metade se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, além de pagamento de multa. Antes, a lei previa pena de 1 a 3 anos de reclusão. A punição agora é a mesma prevista pelo crime de racismo, quando a ofensa discriminatória é contra grupo ou coletividade, pela raça ou pela cor.