Mangueira: Estação Primeira vai desfilar a moda afrobaiana

Mangueira2-Foto-Alexandre-Macieira-Riotur-edited.jpg

A Estação Primeira de Mangueira vai levar para a Sapucaí o enredo “As Áfricas que a Bahia canta”. A escola é a última a desfilar no Domingo de Carnaval (19), com início previsto para entre 3h e 3h50. A Bahia é, mais uma vez, elemento do enredo da verde e rosa.

Estreando uma nova dupla de carnavalescos após a saída do bicampeão Leandro Vieira, a escola quer levantar o caneco que não vem desde 2019. A Mangueira volta a se apresentar na Avenida com uma narrativa de protagonismo negro. A escola canta toda sua africanidade e religiosidade sob a batuta de uma dupla de carnavalescos: Annik Salmon, de 41 anos, e Guilherme Estevão, de 28.

A Mangueira traz a Bahia para a a Sapucaí – Foto: Alexandre Macieira Riotur

A escola, que vai abordar as várias tribos africanas escravizadas que desembarcaram na Bahia. E a partir da dor e do sofrimento, levantaram questões sociais através de manifestações carnavalescas pretas e femininas.

O enredo propõe levar à Sapucaí a construção das visões da África na Bahia, por meio da musicalidade e das instituições carnavalescas negras, com destaque para o protagonismo feminino e questões como o racismo. Da penúltima vez que foi campeã, a escola teve o estado nordestino como plano de fundo em sua homenagem à Maria Bethânia, uma das filhas mais ilustres daquela terra. 

“Nosso enredo quer mostrar como as questões sociais que estão presentes desde o processo de escravidão e que são transformadas em carnaval, a partir dessas várias áfricas, são apresentadas com alegria a partir do carnaval”, explica o carnavalesco Gui Estevão.

Leia também: Ministério da Cultura e Banco do Nordeste (BNB) divulgam Programa de Patrocínios para artistas e produtores culturais

A Mangueira volta a se apresentar na Avenida com uma narrativa de protagonismo negro. Sob o título de “As Áfricas que a Bahia canta”, a escola canta toda sua africanidade e religiosidade, junto de representantes dos vários blocos e afoxés. A presença feminina vai dominar o cenário. Inclusive na bateria da escola, com um naipe de xequerês, tocado por 12 mulheres. Para contar essa história na Sapucaí, a descobriu nas estampas de artistas baianos o acabamento ideal para fantasias e adereços.

Samba Enredo Mangueira 2023

Toda mulher é flecha da evolução

Que Exu abra nossos caminhos

E faça do quilombo verde e rosa

Um palácio de toda rainha preta

Mangueira, onde o Rio é mais baiano

Eparrey, Oyá

Oyá, Oyá, Oyá, eô

Ê matamba, dona da minha nação

Filha do amanhecer, carregada no dendê

Sou eu a flecha da evolução

Sou eu, Mangueira, flecha da evolução

Levo a cor, meu Ilú é o tambor

Que tremeu Salvador, Bahia

Áfricas que recriei, resistir é lei

Arte é rebeldia

Coroada pelos cucumbis

Do quilombo às embaixadas

Com ganzás e xequerês fundei o meu país

Pelo som dos atabaques canta meu país

Traz o padê de Exu

Pra mamãe Oxum tocar o ijexá

Rua dos afoxés, voz dos candomblés

Xirê de orixá

Traz o padê de Exu

Pra mamãe Oxum tocar o ijexá

Rua dos afoxés, voz dos candomblés

Xirê de orixá

Deusa do Ilê Aiye, do gueto

Meu cabelo black, negão, coroa de preto

Não foi em vão a luta de catendê

Sonho badauê, revolução didá

Candace de Olodum, sou debalê de Ogum

Filhos de Gandhi, paz de Oxalá

Quando a alegria invade o pelô

É carnaval, na pele, o swing da cor

O meu timbal é força e poder

Por cada mulher de arerê

Liberta o batuque do Canjerê

Eparrey, Oyá

Eparrey, mainha

Quando e verde encontra o rosa, toda preta é rainha

Eparrey, Oyá

Eparrey, mainha

Quando e verde encontra o rosa, toda preta é rainha

O samba foi morar onde o Rio é mais baiano

O samba foi morar onde o Rio é mais baiano

Reina a ginga de Iaiá na ladeira

No ilê de Tia Fé

Axé, Mangueira

Ficha técnica

Fundação: 28 de abril de 1928

Cores: verde e rosa

Presidentes de Honra: Hélio Turco

Presidente: Guanayra Firmino

Carnavalescos: Gui Estevão e Annik Salmon

Diretor de Carnaval: Amauri Wanzeler

Mestres de Bateria: Taranta Neto e Rodrigo Explosão

Rainha de Bateria: Evelyn Bastos

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Matheus Olivério e Cintya Santos

Comissão de Frente: Cláudia Mota

Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

0 Replies to “Mangueira: Estação Primeira vai desfilar a moda afrobaiana”

Deixe uma resposta

scroll to top