Inspirado no livro “12 anos de escravidão”, de Solomon Northup, “12 anos ou A memória da queda” é criado pela dramaturga Maria Shu, e estreia na próxima quarta-feira (16), às 19h30 no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
As alegorias utilizadas pelas diretoras Tatiana Tiburcio e Onisajé, que também assina a versão final do texto, entram na cena através dos personagens de Dani Ornellas, David Júnior e Carmo Dalla Vecchia. O trio de protagonistas traduz em imagem, movimento e discurso, um certo realismo fantástico, os arquétipos da história original, “12 anos de escravidão”, escrita por Solomon Northup.
Idealizada por Felipe Heráclito Lima, a montagem aborda uma temática ainda pulsante nos dias atuais: a escravização dos corpos negros. “Reconstruímos essa história a partir da compreensão atual de quem é esse sujeito negro e o que significa essa liberdade pra ele hoje a partir dessa trajetória. Porque não é interessante trazer algo datado, mas enxergar dentro dessa narrativa o que a gente conseguiu de vitórias e avanços e o que ainda precisamos romper enquanto imaginário sobre este sujeito, enquanto discurso deste mesmo sujeito, enquanto existência e perspectiva de futuro. O quanto ainda precisamos avançar a partir desta base constituída e apresentada lá trás”, observa Tatiana Tiburcio.
A soteropolitana Onisajé antecipa o posicionamento cênico da dupla de direção que forma com Tatiana. “No que tange à temática, está em cena a nossa análise e posicionamento crítico, ético, político, filosófico e poético-estético acerca da escravização. Ele se traduz na compreensão de que a escravização se sofistica, se disfarça e ainda se mantém muito viva entre nós. Os aportes das diversas opressões encontram na escravização um lugar de deságue”, ressalta.
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Retornando ao teatro, onde começou a carreira que já soma 27 anos, Dani Ornellas vê na montagem um encontro sincrônico com profissionais com os quais sempre teve desejo de trabalhar, dentro e fora de cena. “A vibração de cada um que compõe essa equipe me faz sentir voltando para casa. Estar em cena nesta peça é muito profundo, porque traz histórias muito próximas a situações que eu vivencio como mulher preta artista brasileira. Como minha personagem diz em cena, ‘Sou eu, mesmo quando eu não estou lá. É você, mesmo quando você não está lá. É o seu ancestral’. Este espetáculo é um convite pra que as pessoas pensem sobre isso”, afirma a atriz.
Serviço
Teatro I – CCBB RJ (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ)
Temporada: 16 de novembro a 16 de dezembro
Quarta a sábado às 19h30 | Domingo às 18h*
*Não haverá espetáculo nos dias 24/11 e 02/12
Para mais informações e toda a programação do espetáculo, acesse o site do CCBB.