Mesmo com a denúncia de ex-assessores do vereador carioca, Gabriel Monteiro (sem partido), de assédio moral, sexual e de manipular um vídeo com uma criança negra, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro decidiu adiar, por sete dias, a abertura de processo administrativo contra o ex-militar.
A reunião do Conselho de Ética da Casa foi realizada na tarde desta terça-feira (29) para decidir o futuro de Gabriel. “Decidimos que no prazo de sete dias o conselho vai ter tempo para analisar, coletar dados, provas até, de forma tranquila”, disse o presidente do conselho, vereador Alexandre Isquierdo (DEM).
Ainda de acordo com o presidente, o tempo solicitado é para que sejam discutidos os procedimentos com a procuradoria e recolhidas novas evidências sobre o caso. “A única coisa que a gente tá pedindo é um prazo para discutir com a Procuradoria, coletar dados e elementos para fundamentar. Até para que a gente não sofra uma nulidade do processo e uma possível representação”, completou. Segundo a assessoria da Câmara, Gabriel Monteiro tentou acompanhar a reunião, mas não foi autorizado a entrar.
Entenda o caso
No último domingo (27), o Fantástico apresentou uma reportagem em que o parlamentar é acusado, por ex-assessores de manipular um vídeo com uma criança negra, que foi induzida a responder da forma que o vereador queria. De acordo com os denunciantes, vídeo foi editado. Em determinado momento do vídeo que foi para as redes sociais, a criança fala “eu achei que hoje eu ia ficar sem comida. Mas hoje eu tô comendo a coisa que eu mais gosto”. No entanto, no vídeo completo, o vereador pede à menina: “aqui, fala assim ‘tio, achei que hoje eu ia ficar mais um dia sem comer, mas hoje tô aqui comendo o que eu mais gosto’”. Além disso, o parlamentar também é acusado de assédio moral, sexual, agressões físicas e uma mulher o acusa de estupro.
O vereador nega as acusações e disse que não teme. “Estou muito feliz de estar tendo essa reunião porque eu preciso do meu direito da ampla defesa e contraditório. Eu não temo nada. As verdades já estão expostas nas redes sociais. Então, tem que ter reunião do Conselho de Ética, tem que ter avaliação, e quem não cometeu nenhum crime está aqui para mostrar a verdade”, defendeu.
Gabriel Monteiro é ex-militar e ganhou notoriedade quando acusou o ex-comandante geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Coronel Ibis Pereira, de ter envolvimento com o tráfico de drogas. Na época, A Polícia Militar decidiu retirar o porte de arma e o direito da identidade funcional do soldado após o agente, que era lotado no 34º BPM (Magé), tratar o coronel de forma desrespeitosa, em pelo menos duas ocasiões, e divulgar em suas redes sociais vídeos onde faz graves acusações contra o coronel, tendo inclusive filmado-o sem autorização. Ibis Pereira é nacionalmente conhecido por ser um policial defensor dos Direitos Humanos e da luta antirracista.
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