Com descontos de até 90% nos produtos perto da data de validade, os comércios chamadas pelos consumidores de “vencidinhos” vem ganhando força nas grandes cidades brasileiras. O tempo de vencimento dos produtos varia de acordo com a sua natureza e quanto mais perto da validade, mais barato fica.
“Você chega a pagar R$ 0,10 no [iogurte] Danone”, comenta a cozinheira Marlei Cristiane Aleixo, de 37 anos, que ressalta a alta nos preços da carne, obrigando a substituir alguns alimentos. “Tem carne que está R$ 60 o quilo. Então, para quem tem filho, paga as contas sozinha, fica difícil você comprar um quilo de carne. É melhor comprar uma bandeja de ovos e deixar lá”, completa em entrevista à Folha de São Paulo.
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Marlei diz ainda que às vezes se desloca para cidades vizinhas para fazer compras e mesmo com deslocamento, ainda é mais vantajoso comprar nos “vencidinhos”. “Mesmo que vá de carro e gaste R$ 50 de gasolina, a diferença é de R$ 200, R$ 300 [em relação ao supermercado comum]. É uma diferença bem grande. Daria para fazer outra compra”, afirma.
Ela revela ainda que mudou os hábitos de compra para os mercados mais baratos devido ao montante no final do mês e, claro, os preços atraentes. “Hoje, 90% das compras que eu faço são neste tipo de supermercado, porque a economia é muito grande. Às vezes tem costelinha de porco e eles vendem 10 kg por R$ 59,90, sai R$ 6 o quilo da carne. No mercado [tradicional] não se paga menos de R$ 16 o quilo”, conclui.
Como funciona
“Chega a data, eles não têm a saída que precisam, então a fábrica precisa jogar fora ou vender mais barato para não ter o prejuízo. É nessa oportunidade que a gente compra e vende mais barato”, explica Lucas Jesus de Souza, 27, gerente do Mercado Lessa e dono do Mercado Pestana, ambos em Osasco (SP) e voltados para o comércio de alimentos com data de validade próxima.
Por outro lado, o economista Rafael Fernandes alerta que o aumento dos preços dos produtos da cesta básica aumentaram, mas a renda média do brasileiro caiu nos últimos dois anos, levando uma insegurança alimentar às famílias. “A partir do momento que o preço dos alimentos se torna mais caro, só que a renda não acompanha esse aumento, você faz com que a população perca o poder de compra”, afirma, também em entrevista à Folha de São Paulo.
“As famílias mais pobres são as principais atingidas, porque elas não têm tantas alternativas. Não tem como trocar um arroz, por exemplo, por outro produto que seja mais barato. Você vai diminuir a quantidade de arroz ou vai ter que deixar de comprar algo que não seria tão prioritário, como a bolacha. Você pode comprar o pão, mas não compra a manteiga”, finaliza o economista.
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