“Eu amo ser mulher”, afirma Márcia Dailyn, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo

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O preconceito ou as estatísticas no Brasil não foram capazes de impedir Márcia Dailyn, hoje com 43 anos, de se tornar a primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo. Ela estudou por dois anos na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC). Também teve aulas na Royal Academy of Dance e na Cuba Ballet e também teve a oportunidade de dividir o palco com grandes estrelas, como Ana Botafogo. Hoje, além de atriz da Cia de Teatro Os Satyros e colaboradora da SP Escola de Teatro, Márcia acumula também os títulos de diva da Praça Roosevelt e Musa da Acadêmicos do Baixo Augusta.

Márcia Dailyn, hoje com 43 anos, a primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo. Foto: Reprodução Redes Sociais

“A mulher é uma dádiva, a mulher é uma divindade. Eu amo ser mulher e não me arrependo de nada do que eu fiz: mil plásticas e silicone… Mas hoje eu olho no espelho, e esse é o corpo que eu queria ter e o corpo que eu sempre desejei ter.” disse Márcia em entrevista ao portal G1.

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Uma trajetória que teve início aos 17, quando Márcia viu um anúncio de rodapé em uma revista sobre dança e resolveu se inscrever para participar da seleção para a então Escola Municipal de Bailado, do Theatro Municipal. Na ocasião, ela foi chamada para a audição e não pensou duas vezes antes de sair da cidade de Jales, onde nasceu, até a capital paulista. Ao ser perguntada pela diretora do corpo de balé, Lúcia Camargo, sobre qual seria seu objetivo, Márcia respondeu: “Quero ser artista e ser respeitada”. 

A influência pela dança veio pela mãe, Selma, ex-professora de aeróbica, que quando criança fez Márcia se encantar pelo mundo das artes e da dança. Já o pai, o eletricista Lau, não conseguiu entender tudo que acontecia. “Eu nunca tive dúvidas que era menina, desde criancinha. Minha mãe percebeu logo, e me puxou para uma conversa quando eu tinha 11 anos. Mãe é mãe, não é? Mas meu pai…”, conta, com lágrimas nos olhos. “Ele brigou com a minha mãe, se separaram. Jogou a culpa nela, como se ela tivesse me educado errado. E ficamos afastados um bom tempo.”, contou a bailarina.  

Ainda de acordo com a reportagem, a bailarina contou que fez as pazes com o pai no dia em que mostrou a ele a carteira de trabalho com o registro profissional de atriz e bailarina. “Mostrei a ele, e nos abraçamos. Disse a ele que sempre seria a filha da dona Selma e do Lau. E ele se foi um pouco depois disso, em um acidente“. 

 Vale registrar que segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil é o país com maior número de assassinatos de pessoas trans e travestis do mundo. Mas a história de Márcia Dailyn é prova de que essa realidade precisa ser modificada. 

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