Após a primeira etapa do Enem, ocorrida no último domingo, o presidente Jair Bolsonaro diz que queria uma questão sobre o regime militar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): “O que eu quero com isso? Não é discutir o período militar. É começar a história do zero”. Bolsonaro fez essa fala durante uma solenidade no Palácio do Planalto para certificar escolas cívico-militares, nesta quarta-feira (24).
“Olha as provas do Enem como eram há pouco tempo, estamos mudando isso”, declarou na cerimônia. “Se eu pudesse interferir no Enem, pode ter certeza, a prova estaria marcada por questões objetivas, não ideológicas, como ainda vimos nessa prova”disse Bolsonaro.
Há semana antes, o chefe do executivo disse que as questões do Enem precisavam ter “a cara do governo”. A declaração motivou críticas de que, por razões ideológicas, o governo estava interferindo no conteúdo da prova. No início de novembro, quase 40 servidores que ocupavam cargos ligados à realização de exames como o Enem pediram exoneração por sofrerem pressão psicológica e vigilância.
“Saiu na imprensa que eu queria botar questão da ditadura militar. Não vou discutir se foi ou não foi ditadura militar. Mas eu queria botar, sim, uma questão lá, se pudesse: ‘Quem foi o primeiro general que assumiu em 1964?’. Foi Castello Branco. ‘Em que data?’ Eu queria botar lá”declarou Bolsonaro
Apesar de Bolsonaro ter afirmado que a prova passaria a ter a cara do governo, especialistas verificaram algum equilíbrio nas questões. A segunda etapa acontece no próximo domingo.
Parece mesmo que o sonho do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro é retroceder o modelo de ensino brasileiro ao tempo em que o governo federal condicionava a educação aos seus interesses e caprichos, interferindo nas escolas públicas muitas vezes de forma antididática pela imposição de um modelo de ensino pautado em regras e métodos castrenses, retirando do professor a sua liberdade de cátedra, na tentativa de alinhar o estudante brasileiro às diretrizes e ideologias do regime militar que vigorou no Brasil por 21 anos (1964-1985).