A babá Raiana Ribeiro da Silva, de 25 anos, se jogou do terceiro andar de um prédio, em Salvador, nesta quarta-feira (25), para, fugir do cárcere privado sob o qual estava sendo mantida por sua empregadora. Segundo a jovem, a mulher não teria aceitado o pedido de demissão da funcionária.
“Quando eu vi o basculante do banheiro, aí eu tentei sair. Achava que alcançava a outra janela, mas não alcancei e me soltei. Fiquei pendurada em um ‘degrauzinho’ onde estende roupa, mas não alcancei a outra janela, me soltei e caí”, disse a jovem que revelou a polícia ser agredida e mantida em cárcere privado.
Raiana também afirmou que obteve o seu celular retido pela patroa, impossibilitando que ela se comunicasse para comentar o ocorrido. Após o pulo, a babá foi socorrida por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Estado. Ela sofreu fraturas no pé, recebeu alta médica ainda na quarta-feira, mas terá que ficar alguns dias sem sair da cama.
A jovem, que morava na cidade de Itanagra, a cerca de 150 km de Salvador, disse em entrevista ao G1 ter encontrado a vaga de emprego através de um site e mudou-se para Salvador. Raiana trabalhava há cerca de uma semana no local, cuidando de três crianças e, segundo a babá, as agressões começaram após ela comunicar à patroa que queria deixar o emprego.
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“Ia fazer oito dias hoje [que estava trabalhando lá], mas a agressão começou na terça-feira. Começou porque eu falei para ela que não dava mais para mim, que eu ia sair na quarta-feira. Aí ela falou: ‘Vou te mostrar, vagabunda, se você sai’. E aí começou a me agredir”, disse Raiana.
“Ela me batia, puxava meu cabelo, me mordeu. Várias agressões… Dava tapa”,
disse a babá
“Ela me trancou no banheiro ontem pela manhã, e foi quando bateu o desespero de fugir de alguma forma”, disse ela ao portal G1
Foi neste momento em que, segundo a jovem, ela tentou sair pelo basculante do banheiro, não conseguiu acessar a outra janela e se jogou do terceiro andar.
Segundo a defesa de Raiana, ela conseguiu mandar o áudio para família com pedido de ajuda, mas depois o aparelho celular foi recolhido pela patroa. Os familiares foram até Salvador em busca da vítima e não conseguiram encontrar o condomínio.
O caso é investigado pela 9ª Delegacia Territorial (DT/Boca do Rio). Segundo a Polícia Civil, a patroa foi intimada e será ouvida nesta quinta-feira (26).