Antes mesmo do início das aulas, milhões de famílias brasileiras já sentem o impacto de um gasto que se repete todos os anos e cresce acima da renda: a compra de material escolar. Em 2024, as despesas com esses itens somaram cerca de R$ 49 bilhões em todo o país, um aumento expressivo em relação a quatro anos atrás. A projeção para 2025 indica que esse valor pode ultrapassar os R$ 50 bilhões, reforçando o peso da educação básica no orçamento doméstico.
Pesquisas nacionais mostram que mais de 80% das famílias com crianças e adolescentes em idade escolar relatam impacto financeiro com a compra de materiais. Para quase 40% delas, esse impacto é considerado alto. Além de cadernos e lápis, entram na conta uniformes, livros didáticos e materiais complementares, ampliando o custo total no início do ano letivo.
Um dos principais fatores que explicam esse peso no bolso é a grande variação de preços. Levantamentos realizados por Procons em diferentes estados apontam que um mesmo item pode apresentar diferença superior a 200% entre estabelecimentos, especialmente em produtos básicos como cadernos, estojos e canetas. A falta de padronização nos preços obriga as famílias a pesquisar, comparar e, muitas vezes, abrir mão de marcas ou itens pedidos pelas escolas.
Outro elemento que pressiona os valores é o aumento nos custos de produção e logística. A elevação do preço do papel, a dependência de insumos importados e a variação cambial contribuem para reajustes que acabam sendo repassados ao consumidor final.
O impacto é ainda mais intenso entre as classes B e C, responsáveis pela maior parte do consumo nacional de material escolar. Nessas faixas de renda, a compra frequentemente exige parcelamento ou reorganização de despesas essenciais, como alimentação e transporte.
O cenário evidencia que, no Brasil, o acesso à educação básica envolve custos que vão além da sala de aula, transformando o material escolar em um dos principais desafios econômicos do início do ano para milhões de famílias.
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