Falar sobre morte e luto na infância ajuda a prevenir sofrimento emocional, diz psicóloga

criança triste

Psicóloga destaca a importância de falar sobre morte e luto na infância - Foto: Pexels

A morte é uma experiência inevitável da vida, mas ainda cercada de silêncios e tabus na sociedade. Quando esse silêncio envolve crianças, os impactos podem se estender por toda a vida. Especialistas alertam que evitar o tema da morte e do luto na infância pode contribuir para o desenvolvimento de sofrimentos emocionais que se manifestam de diferentes formas ao longo dos anos.

Segundo a psicóloga Bianca Reis, a ausência de diálogo sobre perdas pode resultar em adoecimentos psicossomáticos. “As doenças psicossomáticas são causadas por problemas emocionais do indivíduo e representam a ligação direta entre a saúde emocional e a física. Tudo que a gente não fala, comunica ou elabora cresce e acha um caminho de manifestação e, em muitos casos esse caminho é o adoecimento”, afirma.

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Psicóloga destaca a importância de falar sobre morte e luto na infância – Foto: Pexels

Para Bianca, o luto infantil precisa ser compreendido como um processo complexo, que varia de acordo com a fase de desenvolvimento da criança e com o suporte oferecido pelos adultos. “A morte é um desafio emocional com o qual a criança tem que lidar, e por vezes pode desencadear diversos tipos de comportamento, inclusive dificuldades de expressar e identificar os sentimentos”, explica. Ela ressalta que não existe uma forma única de vivenciar o luto. “Cada criança vai lidar com a morte e o luto de uma forma, a depender da idade, temperamento, condução e apoio dos adultos. É preciso respeitar a particularidade de cada uma das crianças que enfrenta essa situação”, completa.

A psicóloga destaca que criar um ambiente em que a morte possa ser nomeada e compreendida é uma forma de cuidado. Trazer lembranças positivas da pessoa que morreu, permitir perguntas e utilizar recursos como livros e filmes são estratégias que ajudam a criança a elaborar a perda. O acompanhamento profissional também pode ser fundamental em situações de sofrimento intenso ou persistente.

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Do ponto de vista social, crianças negras e periféricas tendem a estar mais expostas a experiências precoces de luto, seja por violência, desigualdades estruturais ou acesso limitado a políticas de saúde mental. Nesses contextos, o silenciamento das emoções pode aprofundar vulnerabilidades já existentes.

Bianca Reis lembra ainda que o entendimento da morte se transforma com o tempo. “A criança está em desenvolvimento cognitivo e emocional e, embora quando sofra uma perda significativa ela perceba que a morte é uma coisa irreversível, há questões que ela só vai compreendendo e revendo à medida que cresce”, afirma.

Reconhecer o luto como um processo, e não como um evento isolado, é essencial para promover saúde emocional desde a infância. Falar sobre a morte, segundo especialistas, não causa sofrimento: o silêncio, sim, pode gerar marcas profundas ao longo da vida.

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