A Amazônia Oriental vive um cenário crítico de perda ambiental: segundo o Imazon, 30% de sua área já foi desmatada, ao mesmo tempo em que abriga 38% das aves ameaçadas no Brasil, de acordo com o ICMBio. Durante a COP30, realizada em Belém, organizações internacionais promoveram uma saída de campo que evidenciou como o avanço do desmatamento impacta diretamente espécies sensíveis e comunidades tradicionais que lutam para manter a floresta de pé.
A atividade reuniu 19 representantes da BirdLife International, da Audubon, da SAVE Brasil, além de doadores e pesquisadores estrangeiros. O grupo visitou a comunidade quilombola Menino Jesus, localizada a cerca de 40 minutos de Belém, onde famílias manejam áreas de terra firme de forma sustentável, preservando remanescentes florestais primários, hoje cada vez mais raros na região.

A observação de aves e primatas reforçou a urgência do tema. Entre as espécies registradas estavam o anambé-una (Querula purpurata) e o tucano-de-papo-branco (Ramphastos tucanus), ambas dependentes de florestas bem conservadas. O avistamento do sagui-una (Saguinus ursulus), primata globalmente ameaçado, destacou o papel estratégico da região na proteção de espécies sob forte pressão do desmatamento e da fragmentação florestal.
Para Pedro Develey, diretor executivo da SAVE Brasil, a experiência reafirma que biodiversidade e clima caminham juntos. Ele destacou que preservar habitats é fundamental para a resiliência ecológica e para a segurança de populações que dependem diretamente dos recursos florestais. Já Luca Ernemann, da Nature and Biodiversity Conservation Union Youth (NAJU), ressaltou que vivências em campo aproximam delegações internacionais da realidade enfrentada por comunidades tradicionais e mostram a força da biodiversidade amazônica.
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As discussões da COP30 reforçam evidências do IPCC: proteger florestas tropicais está entre as estratégias mais eficazes para reduzir emissões e limitar extremos climáticos. Em territórios como Menino Jesus, o manejo comunitário tem garantido a sobrevivência de espécies-chave e revela caminhos para uma transição justa. A atividade também apontou o potencial do turismo de observação de aves como alternativa econômica sustentável, fortalecendo a autonomia quilombola e mantendo a floresta em pé, uma pauta central nas discussões de justiça climática da COP30.









