A força simbólica dos orixás e a estética afro-brasileira ganharam novas dimensões no cenário artístico internacional por meio da obra de Ed Ribeiro, o “Pintor dos Orixás”. Baiano de Catu, o artista iniciou sua trajetória tardiamente, aos 52 anos, desenvolvendo uma técnica autoral baseada no derramamento de tinta diretamente sobre superfícies horizontais. Sem pincéis ou instrumentos convencionais, ele criou um estilo que combina espiritualidade, abstração e movimento, traduzindo elementos das religiões de matriz africana em cores e fluidez. Hoje, aos 73 anos, acumula prêmios importantes, como o Título Honoris Causa e o Prêmio Lusofonia (2025), conquistados em Portugal.
O impacto de sua obra ultrapassa galerias: ela se tornou presença constante entre autoridades, intelectuais e artistas ligados ao debate sobre identidade, ancestralidade e cultura negra. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva possui uma tela dedicada a Xangô, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin guarda uma obra de Iemanjá. Jaques Wagner coleciona representações de Oxalá e Santa Bárbara, e Fátima Mendonça mantém uma pintura inspirada em Iansã. Entre escritores e músicos, nomes como Paulo Coelho, Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Jorge Aragão e Toninho Geraes também se tornaram colecionadores.

O alcance internacional de Ed Ribeiro ganhou força com sua participação em eventos diplomáticos. Em um jantar oferecido pela Embaixada da França em Salvador, o artista presenteou o presidente Emmanuel Macron com uma obra de São Jorge nas cores da bandeira francesa. O encontro, que reuniu autoridades como o governador Jerônimo Rodrigues e a ministra da Cultura Margareth Menezes, ampliou a visibilidade da arte afro-brasileira em espaços de poder historicamente eurocentrados.
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Seu trabalho, reconhecido pela Sociedade Brasileira das Belas Artes e pela Academia de Arte, Ciências e Letras de Paris, também ecoa no Carnaval. Ed inspirou enredos em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, reforçando a presença da estética negra em uma das maiores manifestações culturais do país.
Para o artista, esse reconhecimento internacional é parte de uma missão maior: “Cada obra é fruto de dedicação e fé. Quero levar a força da ancestralidade para cada vez mais pessoas”, afirma. Sua trajetória reafirma o protagonismo da arte negra brasileira e a potência das narrativas que nascem das tradições afro-diaspóricas.










