Pautas de igualdade racial têm pouco espaço nas discussões da Câmara, aponta levantamento  

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Um estudo publicado nesta terça-feira (9) pelo Instituto de Referência Negra Peregum apresenta o Ranking Igualdade 2025, que busca avaliar o desempenho dos deputados federais em pautas de igualdade racial. Ao todo foram analisados 37 mil documentos da Câmara e do Senado, abrangendo votos, emendas, discursos e projetos voltados para a área.  

O método combinou Inteligência Artificial (IA) e  análise humana para examinar o trabalho de 571 deputados e ex-deputados. Segundo o levantamento, a IA identificou que o tema ainda possui um baixo engajamento médio entre os deputados. 

O ranking consiste num conjunto de ações que considera as notas que vão das mais baixas -10 até a mais alta +10 para determinar se os parlamentares têm discutido projetos que promovam a igualdade racial e beneficiem a população negra. As primeiras colocações são ocupadas, em sua grande maioria, por partidos de centro-esquerda, porém há alguns parlamentares de direita ou centro-direita entre os 50 primeiros colocados. 

A pesquisa também revela que os parlamentares negros, mulheres e indigenas são os que mais estimulam o debate racial e possuem maior atuação nos projetos – Fonte: Antônio Cruz/Agência Brasil

A coordenadora de Advocacy do Instituto, Ingrid Sampaio, revela ainda que após os 50 primeiros colocados, as notas caem de forma significativa. […] A atribuição de notas cai abruptamente para três. É uma queda muito brusca. Ela não é gradativa. Essa queda brusca faz a gente perceber que existe, sim, algum engajamento incipiente, mas que os parlamentares mais engajados precisam fazer muito esforço para compensar a falta de empenho dos demais”, destacou Ingrid.

 A especialista afirma que o baixo engajamento dessas pautas se deve ao fato de ser um tema desconfortável para o Congresso Nacional. “É uma decisão política que a pauta não avance. É um tema espinhoso porque obriga a reconhecer a responsabilidade que a gente tem como país de curar essa chaga e andar para frente. E não é confortável e os temas desconfortáveis o Congresso já vai evitar” afirma. 

A pesquisa também revela que os parlamentares negros, mulheres e indigenas são os que mais estimulam o debate racial e possuem maior atuação nos projetos. A coordenadora reforça que o aumento de representantes eleitos vindos da periferia e movimentos sociais incentiva ainda mais o diálogo sobre igualdade racial. “Boa parte do ranking indica uma forte atuação de mulheres não-brancas que exercem hoje seus primeiros mandatos. Os dados mostram que o aumento da representatividade não é uma pauta meramente identitária, é algo que oxigena o debate e faz crescer o engajamento do Legislativo no combate ao racismo”, finaliza.

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Maria Eugênia Melo

Maria Eugênia Melo

Nortista, de Palmas capital do Tocantins. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins.

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