O planeta deve encerrar 2025 como o segundo ou terceiro ano mais quente já registrado, ficando atrás apenas do recorde histórico de 2024. O alerta foi divulgado nesta terça-feira (9) pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, intensificando a preocupação global após uma COP30 marcada pela falta de avanços concretos no corte de emissões.
Segundo os cientistas, este será também o primeiro período de três anos consecutivos em que a temperatura média global ultrapassa 1,5°C acima do nível pré-industrial, limite que os países se comprometeram a evitar no Acordo de Paris. A quebra desse marco, ainda que temporária, simboliza o avanço acelerado da crise climática e seus impactos humanos.

A geopolítica atual contribui para o agravamento do cenário: enquanto grandes emissores recuam em políticas ambientais, outros países pressionam para flexibilizar metas de descarbonização. Para especialistas, isso afeta de forma desigual populações já vulnerabilizadas, especialmente no Sul Global, onde eventos extremos atingem territórios historicamente marcados por desigualdades raciais e de infraestrutura.
Os efeitos estão cada vez mais evidentes. Neste ano, o tufão Kalmaegi matou mais de 200 pessoas nas Filipinas, e a Espanha enfrentou os piores incêndios florestais em três décadas. Comunidades negras, indígenas e periféricas, seja em áreas urbanas brasileiras sem arborização, seja em regiões rurais sem suporte estatal, estão entre as que mais sofrem com ondas de calor, doenças agravadas e perda de territórios.
LEIA TAMBÉM: Ondas de calor podem acelerar envelhecimento celular, aponta estudo com idosos nos EUA
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, os últimos dez anos foram os mais quentes desde o início dos registros. A tendência é clara: embora as temperaturas oscilem anualmente por fatores naturais, o aquecimento contínuo é diretamente ligado às emissões de combustíveis fósseis.
O Copernicus reforça que o planeta ainda não rompeu oficialmente a meta de 1,5°C, calculada por médias de longo prazo. No entanto, a ONU já considera inviável cumpri-la plenamente e pede reduções urgentes e profundas de CO₂ para evitar consequências irreversíveis, como crises alimentares, perda de biodiversidade e deslocamentos populacionais em massa.
Os registros utilizados pelo C3S combinam dados desde 1940 com séries históricas iniciadas em 1850, reforçando que a aceleração das temperaturas é inédita desde o início da industrialização.









