Entre frustrações, medo de colocar foto no currículo e ausência de líderes negros, cresce entre os profissionais o ceticismo sobre um futuro realmente igualitário. É o que revela uma pesquisa realizada pelo Infojobs em parceria com o Movimento Black Money, em outubro de 2025. O levantamento aponta um cenário preocupante para a inclusão racial no mercado de trabalho brasileiro e aponta que 57% dos profissionais negros afirmam que as vagas afirmativas e os espaços de diversidade diminuíram nos últimos anos, indicando um movimento de retração nas políticas corporativas de equidade racial.
O estudo, que ouviu mais de 800 profissionais, revela que a sensação dominante entre trabalhadores negros é de frustração. Para muitos, mesmo com formação sólida e experiência, as oportunidades continuam limitadas. Cerca de 43,5% dos entrevistados afirmam que a cor da pele reduziu suas chances em processos seletivos nos últimos dois anos, reforçando que o racismo estrutural segue operando de forma silenciosa, porém persistente.

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Segundo Ana Paula Prado, CEO da Redarbor Brasil, controladora do Infojobs, a queda nas iniciativas de diversidade reflete escolhas corporativas. “Houve um período em que a diversidade foi tratada como prioridade estratégica. Mas, sem estrutura e compromisso real, essas ações acabam perdendo espaço diante de novas demandas internas”, afirma.
Mesmo com o pessimismo crescente, a pesquisa mostra espaço para esperança. Sete em cada dez profissionais (70%) acreditam que a tecnologia pode contribuir para processos seletivos mais justos. Ferramentas baseadas em inteligência artificial, quando usadas com responsabilidade, podem reduzir vieses inconscientes que historicamente prejudicam candidatos negros.
Ainda assim, para 19% dos entrevistados, a igualdade racial no mercado de trabalho não deve avançar nos próximos cinco anos, refletindo um ceticismo alimentado pela estagnação das empresas. Para Prado, a mensagem é clara: “A inclusão racial não pode ser tratada como moda ou campanha publicitária. Ela exige continuidade, investimento e transformação real.”
A pesquisa reforça que, sem ações estruturais e intencionais, a promessa de um mercado de trabalho mais igualitário continuará distante da realidade da população negra.








