Déficit de estatais brasileiras de R$6 bi é inferior ao rombo do correio dos EUA, que perdeu U$$9 bi

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O Banco Central divulga o balanço de uma lista de empresas estatais brasileiras importantes para a economia, e nesta sexta-feira (28) informou que estas empresas tiveram déficit de R$ 6,35 bilhões nos primeiros 10 meses de 2025. Entretanto apenas a U.S. Postal Service (USPS), empresa de correio do Estados Unidos, teve déficit de U$$ 9 bilhões, de acordo com balanço da própria empresa em 2025.

Chamadas mostrando “rombo” nas estatais e nas contas públicas, podem chamar atenção do leitor, mas empresas estatais de Estados Unidos e China, entre outros países desenvolvidos também operam em déficit, ou seja gastam mais do que arrecadam. Tanto a empresa pública, quanto as contas do país. As contas de um país não são iguais as de uma casa.

O economista Gabriel Xavier. Em entrevista ao Notícia Preta, mostrou que a dívida ser alta em relação ao PIB, não significa muita coisa:

Não representa nada o patamar da dívida em si, seja 80% ou 200% do PIB. O que importa é a capacidade do governo federal em pagar essa dívida, se ele consegue rolar a dívida por emissão de títulos, os juros dessa dívida, etc“, argumenta.

O que confirma a visão do economista é que países como o Japão, país mais endividado do mundo, em 2023 fechou o ano com a divida equivalendo a 266% do seu PIB continua com crédito internacional. A China tem uma dívida que equivale 86% do PIB. A relação dívida PIB dos Estados Unidos está em 120%. Os dados foram tirados de: World Trend Plus’ Global Economic Monitor, Fundo Monetário Internacional e Federal Reserve Bank of St. Louis, respectivamente.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

O Banco Central iniciou a série em 2002, calculando balanço de empresas como Correios, a Emgepron, a Hemobrás, a Casa da Moeda, a Infraero, o Serpro, a Dataprev e a Emgea. Mas não inclui Petrobras, a Eletrobras e nem as empresas do setor financeiro (bancos públicos).

Além do cenário brasileiro, outras economias desenvolvidas também convivem com estatais deficitárias. Nos Estados Unidos, o U.S. Postal Service (USPS) encerrou o último ano fiscal com prejuízo de cerca de US$ 9 bilhões, conforme relatório oficial divulgado pela própria estatal.

A operadora ferroviária Amtrak, outra empresa pública federal, também registra déficits operacionais anuais e depende de repasses do Congresso norte-americano para equilibrar as contas, segundo documentos corporativos da empresa.

Na China, reportagens do Asia Times e estudos do Banco Mundial mostram que a China National Railway Group, responsável pela maior rede de trens de alta velocidade do mundo, acumula prejuízos bilionários devido à manutenção de tarifas subsidiadas e à expansão acelerada da infraestrutura.

O setor aéreo chinês segue a mesma tendência: balanços divulgados e compilados pela Reuters apontam que estatais como a China Eastern Airlines e a China Southern Airlines tiveram perdas significativas nos últimos anos, especialmente durante e após a pandemia. Esses casos evidenciam que déficits em empresas públicas não são uma particularidade do Brasil, mas um fenômeno presente também em grandes potências econômicas que não param de se desenvolver economicamente a cada ano que passa.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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