A obesidade está entre os fatores que mais comprometem a saúde reprodutiva de homens e mulheres em idade fértil. Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que 17,5% da população adulta global terá dificuldade para engravidar, e o peso corporal é uma das principais variáveis envolvidas nesse cenário. No Brasil, o Atlas Mundial da Obesidade mostra que 68% dos brasileiros têm excesso de peso, sendo 31% com obesidade e 37% com sobrepeso.
Segundo especialistas, o acúmulo de gordura corporal provoca alterações hormonais que interferem diretamente na ovulação, na produção de espermatozoides e até na função sexual. A médica Valentina Cotrim, da Huntington Cenafert, explica que, nas mulheres, o excesso de peso está associado a ciclos menstruais irregulares e menor frequência de ovulação. “Antes de tentar engravidar, espontaneamente ou por Fertilização in Vitro, é fundamental ajustar o peso com acompanhamento médico e nutricional”, orienta.

Nos homens, o impacto não é menor. A obesidade pode reduzir a concentração e a qualidade dos espermatozoides e alterar a produção de testosterona, favorecendo quadros de disfunção erétil. Dietas ricas em ultraprocessados, sedentarismo e longas horas de tela, segundo Valentina, agravam ainda mais o quadro inflamatório do organismo, prejudicando a fertilidade.
Além de dificultar a concepção, a obesidade também é um fator de risco importante durante a gestação. Estudos mostram aumento nas taxas de aborto espontâneo, além de maior incidência de hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e partos prematuros. “A obesidade coloca a saúde da mãe e do bebê em risco, desde o início da gravidez até o pós-parto”, afirma a especialista.
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A adoção de hábitos saudáveis é considerada uma das estratégias mais eficazes para preservar a fertilidade. Entre as recomendações estão: não fumar, dormir bem, controlar o estresse, manter peso adequado, evitar bebidas alcoólicas, praticar atividade física regularmente e manter três relações sexuais por semana, o que favorece a concepção.
Valentina alerta ainda para o uso inadequado de alguns lubrificantes vaginais, que podem dificultar a mobilidade dos espermatozoides, e reforça a importância de consultas regulares com ginecologistas e urologistas. “A prevenção é o caminho mais seguro para reduzir riscos e manter a saúde reprodutiva em dia”, conclui.









