Relatório aponta cenário de seca extrema na região Nordeste até o ano de 2100

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Um boletim informativo divulgado pelo Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas (CEPAS), em parceria com o Programa Cientista Chefe em Recursos Hídricos e com Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará, prevê uma reconfiguração drástica no Nordeste; as condições seca (Árido e Semiárido) podem cobrir 99% da região até o final do século. O estudo realizado no âmbito da COP-30 reforça que a região mais atingida será o Ceará. 

O relatório resume as projeções do Plano de Adaptações às Mudanças Climáticas do Ceará – Recursos Hídricos, foi elaborado utilizando 19 modelos globais do conjunto CMIP6, avaliando a evolução das classes climáticas de Thornthwaite (Árido, Semiárido, Subúmido e Úmido) para o Nordeste brasileiro tendo como base quatro períodos; 1961-2014 (histórico), 2015-2040, 2041-2070 e 2071-2100, sob dois cenários de emissões: SSP2-4.5 intermediário e SSP5-8.5 altas emissões. 

O cenário da aridez evidencia a necessidade de adoção de politicas publicas antecipatórias. Fonte: Unsplash

No cenário intermediário, a área classificada como Árida (a mais seca) que era de 3,1% no período entre 1961 e 2014 avançará para 26% entre 2071 e 2100, já a Semiárida saltará de 43,4% para 59,7% nesse mesmo período. No contexto das emissões mais altas (SSP5-8.5), a situação é mais grave, a área total sob seca atinge 99,9%, sendo 74,6% Árida e 25,3% Semiárida. As classes Subúmida e Umida praticamente desaparecem até 2070.

“O futuro está sob disputa e a COP30 é uma arena importantíssima desta batalha. O planeta e o semiárido nordestino podem ser diferentes com menos estresse hídrico, dependendo das decisões tomadas pelos Estados e coletivos humanos.” afirma o relatório. O estudo indica que o estado do Ceará deve sentir os impactos dessa mudança antecipadamente, áreas que hoje são classificadas como Subúmidas migram mais cedo para o Semiárido.

Os sertões dos Inhamuns, Jaguaribe e Cariri passam a ser semiáridos já entre 2015-2040. Entre as consequências citadas estão; redução da recarga subterrânea, pressão em reservatórios, risco agroclimático, contração das áreas úmidas entre outros fatores exigindo uma maior adaptação do território nordestino. 

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Maria Eugênia Melo

Maria Eugênia Melo

Nortista, de Palmas capital do Tocantins. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins.

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