Mais de 4 mil pessoas foram vítimas de abusos sexuais cometidos por padres na Itália desde 2020, segundo levantamento divulgado na última sexta-feira (25) pela Rete l’Abuso (Rede de Abuso, em tradução livre), principal associação italiana de apoio a sobreviventes de violência religiosa. O relatório, citado por O Globo e pela agência Reuters, indica que 4.395 das vítimas foram abusadas por sacerdotes, e outras por freiras, professores de religião e voluntários ligados à Igreja Católica.
O estudo, baseado em relatos de sobreviventes, processos judiciais e reportagens, identificou 4.625 vítimas e 1.250 casos suspeitos, muitos envolvendo múltiplos abusos. Entre os agressores, há mais de 1.100 padres. Segundo a associação, 4.451 vítimas eram menores de 18 anos, a maioria meninos, além de 156 adultos vulneráveis, 11 pessoas com deficiência e cinco freiras.

Apenas 76 dos 1.106 padres acusados chegaram a ser julgados. Entre as punições, 17 foram suspensos, sete transferidos de paróquia e 18 afastados definitivamente do sacerdócio. Cinco dos suspeitos morreram por suicídio. O relatório não detalha o período exato em que os abusos ocorreram, mas reforça que a maioria dos casos veio à tona após 2020.
A publicação ocorre poucos dias depois de uma reunião histórica entre o Papa Leão XIV e vítimas de abusos, a primeira desde o início de seu pontificado. Durante o encontro, o pontífice pediu aos bispos “que não escondam alegações de má conduta” e reafirmou o compromisso de combater os crimes sexuais dentro da Igreja.
O posicionamento segue a linha do antecessor, Papa Francisco, que fez do enfrentamento aos abusos uma das prioridades de seus 12 anos de papado, embora os resultados ainda sejam considerados limitados por associações de vítimas e grupos de direitos humanos.










