Psicóloga alerta: autocobrança na vida adulta pode estar ligada a feridas da infância

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A dificuldade em lidar com emoções e a sensação de que é preciso “dar conta de tudo” podem ter raízes profundas na infância. Segundo a psicóloga Bianca Reis, muitos adultos que vivem sob intensa autocobrança carregam feridas emocionais da criança que foram um dia, uma criança que não foi acolhida, não pôde expressar sentimentos e aprendeu a suprimir suas próprias dores.

Quando a sua criança interior está ferida, é comum o adulto entrar num processo de autocobrança muito desafiador, adoecedor e sem conseguir impor limites a si mesmo”, explica Bianca.

A criança interior nada mais é, que uma parte do nosso inconsciente, onde estão algumas experiências e comportamentos da nossa infância, além das emoções que foram reprimidas. Foto: Pexels

A especialista destaca que a chamada criança interior representa a parte inconsciente que guarda experiências, comportamentos e emoções da infância, muitas vezes reprimidas. Quando essas vivências não são elaboradas, o adulto tende a repetir padrões de negação, buscando compensar o que não recebeu com atitudes de controle e perfeccionismo.

Na cultura brasileira, é comum ver adultos que cresceram ouvindo frases como “engole o choro” ou “isso não é motivo para chorar”. Para Bianca, esse tipo de discurso invalida as emoções da criança e a ensina a se calar diante da dor, o que mais tarde se transforma em um ciclo de isolamento e autossuficiência forçada.

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O adulto que vive nesse processo não se permite errar, chorar ou ser acolhido. Ele assume a postura de quem precisa ser forte o tempo todo e acredita que fraquejar é sinônimo de fracasso”, afirma a psicóloga.

Bianca reforça que a porta de entrada para a autocobrança exacerbada costuma se abrir na infância. “Quando a criança não é acolhida e suas dores são minimizadas, ela cresce sem aprender a lidar com emoções, nem as suas, nem as dos outros. Isso gera adultos que vivem em alerta constante, tentando controlar tudo para não reviver a instabilidade que sentiram na infância”, conclui.

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