Adolescente é morto pela polícia mesmo com as mãos pra cima, afirma mãe do jovem

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Caíque tinha 16 anos e foi morto no último domingo (28) no bairro de São Marcos, Salvador.

O adolescente Caíque dos Santos Reis, de 16 anos, era estudante, barbeiro e começaria um novo emprego como atendente de confeiteiro nesta segunda – feira (29), se não fosse uma abordagem policial que tirou sua vida no último domingo (28).

O jovem teria sido abordado por polícias no bairro São Marcos, em Salvador, onde ele residia. Segundo a mãe dele, Joselita dos Santos Cruz, a polícia teria mandado Caíque colocar as mãos pra cima e mesmo após o jovem ter obedecido a ordem, um dos policiais atirou na perna dele.

A mãe de Caíque afirmou em entrevista TV Bahia, que seu filho não tinha nenhum envolvimento com a criminalidade: “Colocaram ele como traficante que foi encontrado com armas e drogas. Meu filho não traficava, não fazia nada disso”. O adolescente não tinha passagem pela polícia.

Caíque tinha 16 anos e foi morto no último domingo (28) em ação policial no bairro de São Marcos, Salvador.

A versão da Polícia Civil é contrária a apresentada pelos moradores e pela mãe do adolescente. Os militares negam ter matado Caíque durante a abordagem e afirmam que o adolescente e um outro homem, que ainda não teve identificação, não resistiram após uma troca de tiro com eles.

“Eu vi, não estou mentindo. A polícia mandou ele correr. E ela, a mulher (pfém), deu um tiro na perna dele… O levou para um beco e refalou mais disparos”, essa é a declaração feita por uma testemunha ao G1 Bahia, que preferiu não se identificar por medo.

Busca por justiça

Após a saída dos militares, moradores do bairro fizeram uma manifestação. A ação foi realizada em um trecho da Avenida Gal Costa, próximo onde ocorreu a abordagem policial que tirou a vida do jovem. Em protesto, os moradores queimaram objetos na rua e cobraram justiça. Duas pessoas afirmam ter sido atingidas por balas de borracha.

A mãe de Caíque, lamenta a perda do filho: “Eu só queria meu filho aqui, agora. Eles tiraram a vida de uma criança. Todo mundo gritando, tem filmagem, tem tudo”.

O que diz a polícia sobre o caso

Em nota, a Polícia Militar da Bahia (PMBA) afirma que policiais militares faziam rondas na região, quando se depararam com dois suspeitos armados, que começaram a atirar contra eles. Segundo o relato, houve uma troca de tiros e após cessar, os dois suspeitos foram levados para o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), no Cabula, mas não resistiram.

Ainda conforme a ocorrência, foram apreendidas armas e drogas com a dupla. O caso foi registrado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde o material encontrado também foi apresentado.

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Confira a nota da PM na íntegra:

“A Polícia Militar da Bahia (PMBA) informa que, na manhã deste domingo (28), equipes do Batalhão Gêmeos realizavam patrulhamento na Avenida Gal Costa, bairro de São Marcos, quando receberam informação sobre a presença de indivíduos armados na localidade conhecida como São Domingos.

Diante da denúncia, as guarnições se deslocaram até o ponto indicado. Durante a incursão, um grupo de homens efetuou disparos contra os policiais, que reagiram. Encerrado o confronto, dois suspeitos foram encontrados feridos e socorridos imediatamente para uma unidade de saúde, onde não resistiram.

Na ação foram apreendidos uma pistola calibre 9mm, um revólver e porções de entorpecentes (maconha, cocaína e crack). O material foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que ficou responsável pelo registro da ocorrência.

As armas empregadas pelos policiais foram apresentadas à perícia técnica, em cumprimento aos protocolos legais. O Departamento de Homicídios instaurou investigação para apurar as circunstâncias do fato.

O Comando da PMBA, através da Corregedoria, acompanha o caso e reafirma que todos os desdobramentos serão analisados com a isenção e a transparência necessárias, em cooperação com os órgãos competentes”.

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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