O tabaco é responsável por aproximadamente 174 mil mortes por ano no Brasil e pela geração de 4,5 trilhões de bitucas descartadas no mundo anualmente, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer. Além dos impactos devastadores na saúde, como câncer, doenças cardíacas, respiratórias e mortes prematuras, o produto tem efeitos profundos no meio ambiente e expõe desigualdades raciais e socioeconômicas.
A campanha Duplo Impacto, da ACT, evidencia que a cadeia produtiva do tabaco responde por cerca de 5% do desmatamento global. Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é derrubada. A fumicultura exige uso intensivo de agrotóxicos, contamina rios e solos, e emprega práticas que aceleram a degradação ambiental, como a queima de madeira para secagem das folhas. As bitucas, compostas por plástico e substâncias tóxicas, estão entre os resíduos mais encontrados em praias e rios, prejudicando ecossistemas aquáticos e terrestres.

No Brasil, o tabagismo apresenta recortes marcantes de raça e classe. Estudos, como o de determinantes sociais em saúde, apontam maior prevalência entre pessoas com menor escolaridade e renda, sendo mais frequente entre pretos e pardos do que entre brancos. Essa desigualdade reflete não apenas o acesso limitado a campanhas de prevenção e tratamento, mas também a maior exposição a ambientes permissivos ao consumo e à propaganda, historicamente mais presentes em comunidades vulneráveis.
O impacto econômico é igualmente expressivo. São R$ 67,2 milhões gastos no sistema de saúde com tratamentos de doenças causadas pelo tabagismo, contra apenas R$ 8 bilhões arrecadados em impostos, segundo dados do Instituto de Efectividade Clínica e Sanitária.
Sabor que Mata: pela proibição dos produtos de tabaco saborizados
A ACT defende medidas como tributação mais alta, proibição de aditivos saborizantes, embalagens padronizadas e logística reversa para filtros de cigarro como estratégias eficazes para reduzir o consumo e, consequentemente, os danos à saúde e ao meio ambiente.
Mais do que um problema de saúde pública, o tabaco é um vetor de desigualdade social e degradação ambiental. Combatê-lo exige políticas integradas que unam proteção à saúde, preservação ambiental e justiça social, reconhecendo que a saúde humana e a saúde do planeta estão interligadas.
LEIA TAMBÉM: OMS: gigantes de álcool, tabaco e alimentos bloqueiam reforma na saúde