O Cine Tia Nilda Festival de Curtas anuncia os filmes selecionados para veiculação em sua 4ª edição, que será realizada entre os dias 25 e 28 de setembro, na Arena Dicró, na Penha. O projeto conta com o apoio da RioFilme, órgão que integra a Secretaria Municipal de Cultura do Rio e foi contemplado no Programa de Fomento Pró-Carioca Audiovisual 2024.
O festival é dividido em quatro temáticas, sendo uma apresentação de filme dedicado ao cinema negro, outra para o cinema LGBTQIAPN+, cinema livre e cinema infantil. Este ano, serão quatro dias de evento e uma temática por dia, sendo a exibição das produções infantis no primeiro dia e realizadas e na parte da manhã, em parcerias com escolas da região do Subúrbio da Leopoldina, Zona Norte do Rio.

Na categoria infantil, foram selecionadas as obras Pipa e as Ruínas do Tesouro, de Pedro Dias Lemos; Axé, Iara!, com direção e realização coletiva da GET Brant Horta; Zumbolivia, dirigido por Lídia de Araújo Santos ; e Ana e as Montanhas, sob direção da dupla Júlia Araújo e Carla Vila-Lobos.
A temática livre também tem um dia dedicado só a ela e recebe os filmes Rita longe do chão, de Bernardo Tavares Rosa; Um corpo sem carnaval, dirigido por Dandara Patroclo; Qual o seu destino?, de Thuainy Campos; e Tempestade de Mentiras, da diretora Angela Santos.
Pedagogias da navalha, das diretoras Alma Flora, Colle Christine e Tiana Santos será veiculado na temática LGBTQIA+, assim como o curta Travando Lutas, de Beni Campos; O Tempo é um Pássaro, de Yasmin Thayná; e Teto, das diretoras Ema Souza e Gabe Carvalho.
Já a temática negra vem carregada de espiritualidade e axé, veiculando Orun – O Mundo dos Orixás, do diretor Thiago Xavier; Sombras de Macumba, de Felipe Santana de Medeiros; Da Sua, Maria, de Magna Domingues; e O que move a cruzada, dos diretores Alex Brito e Giulia Marinho.
O projeto é idealizado pelo fotógrafo e produtor cultural Diego Lima, da comunidade do Dourado, em Cordovil, onde nasceu e viveu por toda a sua vida. Para ele, o Festival chegar à sua quarta edição é, por si só, um motivo de comemoração.
Leia também: 4ª Mostra de Cinema IFÉ tem programação com filmes de realizadores negros, indígenas e LGBTQIA+
“Eu fico muito feliz em ver o Festival se firmar cada vez mais dentro do calendário de festivais de cinema do Rio de Janeiro. Pelo segundo ano, realizaremos o Festival na Arena Dicró, Coração da Zona Leopoldina, nosso território, o que nos deixa muito animados também. É um festival feito por e para pessoas periféricas e faveladas, com o intuito de dar visibilidade e criar conexões entre esses realizadores. Serão quatro dias de muito cinema periférico, música boa, bate-papo e encontros”, comemora Diego.
Como já é de costume, o Cine Tia Nilda Festival de Curtas contará com a presença de três Djs, Sadoc, Vanessa Goulart e Wagner Rasta, comandando as pick ups no encerramento dos dias de evento.
Sinopse das obras
Pipa e as Ruínas do Tesouro: Dona Delma (Elisa Lucinda) conta aos seus três netos a lenda das crianças que partiram em busca do tesouro perdido da Igreja de São José da Boa Morte. Eles se imaginam vivendo essa história. Pipa (Lara Reis) encontra um mapa do tesouro nas coisas de seu avô Elias (Wilson Rabelo) e decide segui-lo com a amiga Margareth, a Magá (Caroline Crespo). Em certo momento, Magá é picada por uma cobra e adoece. Pipa desiste do tesouro para ajudar a amiga. A avó termina sua história e, no fim, um segredo sobre o paradeiro do tesouro é revelado.
Axé, Iara!: a narrativa gira em torno de uma menina que começa a sofrer bullying dos colegas de escola por conta de sua religião, de matriz africana, o que a causa muito sofrimento. Esse cenário se modifica quando um professor da escola se propõe a dar uma oficina sobre ao legado do povo africano e sua contribuição na construção da cultura brasileira. A temática acaba por interessar e envolver os alunos, contribuindo para a aceitação da diversidade religiosa dos mesmos.
Zumbolivia: um grupo de alunos acreditam ter Zumbi na escola, mas na verdade é só uma peça de teatro. Dias depois uma menina vê a chamada no Instagram e não procura ver se é mentira e acha que é verdade. A amiga chama atenção, pois é assim que surgem as FAKE NEWS.
Ana e as Montanhas: após a morte de uma de suas mães, Ana viaja entre memórias e imaginações, enfrentando olhares tortos de seus tios e buscando entender o novo mundo ao seu redor.
Rita longe do chão: Rita odeia o Recreio dos Bandeirantes. Morando a contragosto no apartamento do filho, a senhora encontrará um novo leito para domar sua insônia.
Um corpo sem carnaval: Um corpo sem carnaval é uma das consequências da pandemia de Covid 19 que privou as pessoas de estarem dançando nas ruas e vielas onde os blocos carnavalescos fazem memórias. No vídeo é possível contrastar as ruas vazias, um único corpo da artista Dandara Patroclo marcando um período em que as avenidas ficaram esvaziadas e os corpos privados do carnaval.
Nesses dois anos difíceis as memórias históricas, politico culturais e socioeconômicas das diversas células coreográficas ficaram suspensas, mas mesmo assim é fundamental inclui-las nos registros do processo de pesquisa que até então tinha vivências nos coletivos Amigos da Onça e Malungü.
Qual o seu destino?: a ideia surgiu de uma coincidência ao pegar um motorista de aplicativo ter o mesmo nome de um crush.
Tempestade de Mentiras: o filme conta a história de protagonista negra que precisa de apoio para fazer o enterro de seu filho e é enganada por um político.
Pedagogias da navalha: “Pedagogias da Navalha” é uma oferenda fílmica, um documentário híbrido que mistura poesia, oralidade e ritual para fortalecer a memória ancestral travesti. A ideia do roteiro surgiu a partir do desejo de romper com narrativas estigmatizantes e criar um espaço de cura e afirmação das nossas existências.
Travando Lutas: como a sociedade produz doença em corpos dissidentes? “Travando Lutas” é um mergulho nos receios, na resistência e nas celebrações de pessoas trans. Nesse curta-metragem documental sensível, a pulsão de vida é o maior grito por saúde e cuidado.
O Tempo é um Pássaro: o filme propõe um diálogo entre ser e pertencer, e traz ao longo do filme, o afeto como ponto de partida e da busca incessante de nos acharmos pertencentes aos nossos grupos.
Teto: Teto busca, através do conflito cotidiano, trazer à tona a discussão sobre a heterogeneidade do movimento LGBTQIA+. Uma suposta identidade comum engloba vivências que podem ser discrepantes e lutas radicalmente diferentes. Mas que também se identificam e se encontram em muitas experiências compartilhadas.
Da Sua, Maria: Sara e Bruno estão prestes a realizar o sonho de serem pais. Contudo, a expectativa do casal é duramente frustrada quando a bebê Maria morre no trabalho de parto. O casal precisa enfrentar a casa decorada, as perguntas inconvenientes, as falas que tentam acolher, mas acabam ferindo ainda mais e a vida que continua sem Maria. Atravessar o luto e seguir a vida é o grande desafio desse casal ferido.
O que move a cruzada: “O que move a Cruzada” tem uma potência de narrativa e arquivo sensacional, consegue trazer a curiosidade do público em querer conhecer sobre a Cruzada e consequentemente agregar conhecimento sobre a história do Rio de Janeiro.
Orun – O Mundo dos Orixás: o filme surgiu do meu desejo de ver os orixás sendo representados de uma maneira mais próxima a que cremos aqui no Brasil. A equipe é composta na sua maioria por pessoas pretas e da comunidade tradicional de matriz africana.
Sombras de Macumba: o filme surgiu a partir de pesquisas e investigações do inconsciente coletivo da cidade do Rio de Janeiro sob o racismo religioso que se fortaleceu através dos processos de modernização e higienização coloniais. A ideia da construção do filme é criar paralelos de contradiscurso entre o racismo x o encantamento dos rituais, mostrando que a mídia sempre esteve errada em favorecer discursos racistas acerca das populações negras e originárias que praticavam seus rituais de fé.
Sobre o Cine Clube
O CineClube Tia Nilda é um projeto cultural que tem como objetivo impulsionar, propagar e incentivar a cultura e o encontro social através do cinema brasileiro. O projeto foi fundado no ano de 2012, na comunidade do Dourado, bairro de Cordovil, Zona Norte do Rio de Janeiro, através da realização de sessões de cinema, integradas com oficinas de arte e educação.
Durante a nossa trajetória, além das sessões, realizamos diversas atividades culturais como oficinas e cursos em diversas linguagens artísticas para crianças, jovens e adultos contemplando toda a comunidade. A missão do CineClube Tia Nilda é proporcionar atividades culturais gratuitas, em territórios periféricos, possibilitando a inclusão, visibilidade e protagonismo social dos participantes. A nossa visão é nos fortalecermos enquanto projeto cultural, que visa combater as desigualdades sociais através da arte e educação.
Quem foi Tia Nilda
Nilda Campos de Lima foi uma importante líder da comunidade do Dourado, onde nasceu e viveu por toda a sua vida. Atuou na expansão da comunidade, abrigando moradores e oferecendo auxílio aos mais necessitados. Seu marido, Seu Russo, era amante do futebol, e em 1955, fundou e se tornou presidente do Esporte Clube Dourado.
Russo organizava os campeonatos de futebol, mas era Nilda quem cuidava dos jogadores, por quem era chamada carinhosamente de mãe. Na quadra do Dourados, aconteciam diversas festas e eventos, que também eram organizados por ela, que durante sua trajetória, teve extrema importância no desenvolvimento social, cultural e afetivo do lugar. Hoje em dia, seu nome está presente na Clínica da Família e no CineClube do bairro. Tia Nilda representa dedicação, carinho e amor à comunidade.
Sobre a RioFilme
Fundada em 1992, a RioFilme é a empresa pública municipal responsável por apoiar e promover o setor audiovisual no Rio de Janeiro. Sua missão é fomentar o desenvolvimento do setor em toda a cadeia de valor, fortalecendo tanto a economia quanto a identidade cultural da cidade.
A RioFilme investe em todas as etapas do ecossistema audiovisual — da formação e desenvolvimento à produção, distribuição, exibição e promoção internacional. Também atua na democratização do acesso às salas de cinema e oferece apoio estratégico a produtores brasileiros e estrangeiros que desejam filmar no Rio, por meio da Rio Film Commission.
Serviços:
4º Cine Tia Nilda Festival de Curtas
25 a 28 de setembro
Arena Dicró: Parque Ari Barroso – Entrada pela, R. Flora Lôbo, s/n – Penha Circular, Rio de Janeiro
Toda a programação é gratuita