Estudo liga consumo de ultraprocessados a mais de 57 mil mortes por ano no Brasil

image-21.png

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estimou que, em 2019, cerca de 57 mil adultos morreram prematuramente no Brasil em decorrência do consumo elevado de alimentos ultraprocessados. A base é do artigo publicado na revista American Journal of Preventive Medicine.

Os dados consideram pessoas com idades entre 30 e 69 anos, analisando 541.160 causas de óbito nesse grupo. Dessas mortes, cerca de 10,5% são atribuíveis a dietas com alimentos ultraprocessados. São produtos industrializados com aditivos, pouco ou nenhum alimento in natura, e geralmente altos em açúcar, sal, gorduras saturadas e compostos artificiais.

Há uma estimativa de pelo menos 5.700 alimentos ultraprocessados produzidos no Brasil. / Foto: Freepik

Segundo a pesquisa, há uma relação proporcional entre o acréscimo no consumo desses produtos e o risco de morte: a cada 10% que aumenta a participação de ultraprocessados na dieta, o risco de morte prematura sobe cerca de 3%.

A análise ainda projeta cenários em que a redução do consumo levaria a uma diminuição significativa no número de óbitos. Se os ultraprocessados fossem reduzidos em 10% da dieta, estima-se que cerca de 5,9 mil vidas poderiam ser poupadas; uma redução de 20% pode evitar aproximadamente 12 mil mortes, e se esse consumo fosse cortado pela metade, seriam evitadas cerca de 29,3 mil mortes por ano.

Os pesquisadores alertam que, embora esses números já sejam elevados, podem estar subestimados, pois contemplam apenas doenças crônicas mais estudadas. Além disso, destacam a importância de políticas públicas para informar, regular e fiscalizar o mercado alimentício, rotulagem nutricional clara e mecanismos fiscais que estimulem o consumo de alimentos frescos.

O levantamento mostra que os ultraprocessados representam um problema de saúde pública urgente, não apenas pelo impacto direto sobre mortalidade, mas também pelas consequências econômicas e sociais envolvidas em tratar doenças associadas a esses alimentos.

Leia também: Obesidade infantil supera desnutrição no mundo pela primeira vez, segundo a Unicef.

Deixe uma resposta

scroll to top