A indígena Harenaki Javaé foi encontrada morta em Formoso do Araguaia, na Ilha do Bananal, no sudoeste do estado do Tocantins. Harenaki tinha 18 anos e participava de festejos na Aldeia Canuanã, mas era moradora da Aldeia São João, seu corpo foi encontrado entre as duas aldeias.
A jovem Harenaki estava no início de uma gravidez quando foi encontrada com o corpo cortado e parcialmente carbonizado. Relatos apontam que a jovem foi estuprada, teve seus olhos furados e língua cortada. Harenaki, que era pessoa com deficiênia, foi encontrada por uma enfermeira que chamou a polícia. Em seguida, a perícia foi acionada e o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Gurupi (IML) para exames sequenciais.

Na segunda-feira (8) um suspeito foi detido e liberado por falta de provas. A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-TO) montou uma força-tarefa para apurar o crime como prioridade máxima. As investigações do caso seguem sob sigilo e a polícia trata o caso como feminicídio.
O crime chamou atenção dos principais órgãos de defesa e lideranças indígenas, gerando manifestações de pesar e repúdio. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), repudiou veemente o crime e reforçou seu compromisso na proteção e promoção dos direitos das mulheres e meninas indígenas.
“A autarquia indigenista recebeu com indignação a notícia do caso que vem sendo tratado como feminicídio e reitera que nenhuma forma de violência é aceitável, principalmente a violência de gênero. Defende ainda a devida apuração dos fatos e responsabilização dos envolvidos pelos órgãos competentes.” afirma trecho da nota.
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) lamentou o ocorrido e prestou solidariedade aos familiares, a Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ARPIT) e o Instituto Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (Icapib) também emitiram notas cobrando celeridade nas investigações.
“Reafirmamos que a violência não faz parte da cultura dos povos indígenas. Ela é resultado de um sistema que historicamente tenta fragilizar nossos corpos, nossas mulheres e nossas comunidades. Não aceitaremos a normalização dessa realidade. Exigimos do Estado brasileiro — Polícia Civil, Ministério Público, órgãos de proteção e justiça — ações imediatas, efetivas e transparentes no processo de investigação, garantindo segurança às famílias e à comunidade” afirma Arpit em nota.
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