Povos indígenas cobram nova Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura

Povos indígenas cobram nova Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura

Povos indígenas cobram nova Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura. Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

Povos indígenas e organizações da sociedade civil pressionam o Governo Federal pela criação da Comissão Nacional Indígena da Verdade (CNIV), com o objetivo de investigar as violações cometidas contra comunidades originárias durante a ditadura militar (1964-1985). A demanda ganhou força após dados da Comissão Nacional da Verdade (CNV), de 2014, revelarem que mais de 8.350 indígenas foram mortos no período, número quase 20 vezes maior do que o registrado na lista oficial de mortos e desaparecidos políticos, que não incluiu nenhum indígena.

Segundo o Fórum Povos Indígenas: Memória, Verdade e Justiça, liderado por organizações como a Apib, o MPF, o Instituto de Políticas Relacionais e o Observatório de Direitos Indígenas da UnB, a nova comissão é necessária para dar visibilidade a crimes sistematicamente ocultados. Entre as violações estão remoções forçadas, torturas, assassinatos, estupros, sequestros de crianças, contaminação por doenças e perda de territórios.

Povos indígenas cobram nova Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura
Povos indígenas cobram nova Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura. Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

A urgência da CNIV também está ligada ao debate do Marco Temporal, tese que limita a demarcação de terras apenas às áreas ocupadas por indígenas em 5 de outubro de 1988. Para lideranças indígenas, a história de deslocamentos forçados e massacres durante a ditadura desmonta a legitimidade da tese.

Apesar do apoio do Ministério dos Povos Indígenas, comandado por Sonia Guajajara, e da presidência da Funai, o governo Lula ainda não formalizou posição favorável à instalação da comissão. Para entidades indígenas, a falta de apuração aprofunda a invisibilização histórica e facilita a repetição de violações.

A proposta da CNIV deve ser apresentada oficialmente ao Estado brasileiro nos próximos meses e busca garantir protagonismo indígena na reconstrução da memória, responsabilização do Estado e implementação de políticas de reparação coletiva.

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Rafaela Oliveira

Rafaela Oliveira

Rafaela Vitória é graduanda em Jornalismo, nascida no Maranhão, com atuação profissional em mídias sociais e audiovisual, e interesse em narrativas sobre raça e cinema.

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