Secretaria de Meio Ambiente e Clima e ONG Voz das Comunidades lançam Observatório do Calor no Complexo do Alemão

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A proposta coloca os moradores do território como protagonistas da ação

O complexo de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é um território com uma das maiores bolsas de calor da cidade, segundo o “Mapa de impacto ao perigo climático – Ondas de Calor” do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do Rio. Pensando nisso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC) lançou, em parceria com a ONG Voz das Comunidades, o Observatório do Calor do Complexo do Alemão.

O objetivo é identificar e monitorar as ilhas de calor extremo e os parâmetros de qualidade do ar na região, transformando dados em políticas públicas eficazes e promovendo a educação ambiental entre os moradores. Para Tainá de Paula, secretária de Meio Ambiente e Clima, a criação do Observatório tem uma importância significativa para a cidade.

O Observatório do Calor nos permitirá entender melhor esses impactos de forma localizada. / Foto: Freepik

O calor extremo e a poluição do ar são riscos sérios à saúde, especialmente em áreas vulneráveis como o Complexo do Alemão. O Observatório do Calor nos permitirá entender melhor esses impactos de forma localizada e agir de forma direcionada para proteger a população, desenvolvendo estratégias de mitigação e adaptação climática essenciais para a região, lado a lado aos moradores“, explica a gestora.

Tainá reforça ainda que a proposta visa transformar a favela em protagonista da sua própria narrativa ambiental, utilizando dados reais para propor mudanças concretas, desde pequenas ações comunitárias até a formulação de políticas públicas com base em evidências.

“Política pública se faz com pessoas e nada mais significativo que ouvir quem mora nesses territórios para entender melhor as suas demandas e atender às expectativas dessas populações. É preciso esse olhar atencioso do favelado para que a favela seja vista com realidade e não de fora para dentro, como sempre foi”, analisa.

O projeto prevê a seleção e treinamento de 6 residentes do Complexo do Alemão como pesquisadores, promovendo a geração cidadã de dados. Esses pesquisadores locais, de diferentes idades e vivências, serão equipados com termômetros digitais e capacitação técnica para monitorar a temperatura em pontos estratégicos da favela três vezes ao dia (9h, 15h e 21h), criando um retrato fiel da realidade climática local.

“Não dá mais para ignorar o calor nas favelas. Sentimos na pele. O observatório é uma ferramenta para mostrar com dados o que já vivemos há anos: o calor aqui não é só desconforto, é risco à saúde, é falta de cuidado urbano”, destaca Gabriela Conc, co-fundadora do Voz das Comunidades.

Os equipamentos adquiridos serão incorporados ao patrimônio da SMAC, possibilitando que a metodologia do Observatório seja replicada em outras localidades, tornando a cidade mais resiliente aos impactos das mudanças climáticas, e uma rotina mais saudável e segura para todos os cariocas. O objetivo final é criar um modelo de enfrentamento ao calor extremo que possa ser replicado em outras favelas do Brasil.

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