Em auditoria que julgou a participação de agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro acerca da morte da jovem Kathlen Romeu, durante uma operação no Complexo do Lins em 2021, a Justiça Militar absolveu os PMs por maioria dos votos. As investigações apontavam que o sargento Rafael Chaves Oliveira e os cabos Rodrigo Correia Frias e Marcos Felipe da Silva teriam alterado o local do ocorrido, a fim de eliminar provas.
O Conselho Especial de Justiça, responsável pela sessão que julgou o caso, é formado por cinco oficiais PMs, entre eles, o Juiz Leonardo Picanço, o único que registrou voto contrário pela absolvição dos policiais.
“Houve inovação artificiosa no local do crime como comprovado nos autos. A prova técnica mostra que não houve confronto”, argumentou o magistrado.

Em paralelo a isso, a Justiça decidiu que os policiais Rafael Chaves e Felipe Silvano, vão a júri popular, no entanto, ainda não definiu data e horário do julgamento. Segundo o Ministério Público junto ao Grupo de Atuação Especializada (Gaesp), os agentes teriam acrescentado 12 cartuchos de nove milímetros para embasar a narrativa de confronto armado.
O caso Kathlen
A designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, foi atingida com um tiro de fuzil no tórax, durante uma operação policial no Complexo do Lins, no Rio de Janeiro, em junho de 2021. A jovem, que estava grávida de 14 semanas, visitava a avó no momento do ocorrido, quando foi surpreendida com um tiroteio. Kathlen chegou a ser socorrida, mas faleceu no hospital.
Na ocasião, os policiais afirmaram em depoimento inicial que houve confronto armado com criminosos na região, versão conflitante com as declarações dos moradores junto às investigações do Ministério Público que apontam que não acontecia troca de tiro quando Kathlen foi atingida, constatações que levaram a justiça a apontar fraude na cena do crime por parte dos agentes e a denúncia por fraude processual.
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