“Falar sobre negritude e questões femininas é natural pra mim, é uma forma de lutar contra a opressão”, diz Chimamanda

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A escritora nigeriana esteve no Brasil no último fim de semana para discutir educação, diversidade e para divulgar seu novo livro  ‘A contagem dos sonhos’

Chimamanda Ngozi Adichie é escritora best-seller e está pela terceira vez no Brasil com uma agenda focada em discutir educação e diversidade. Seu primeiro evento foi na última sexta feira(13) de uma palestra ao lado de Tais Araújo na Bienal do Livro 2025, que acontece no Rio Centro, Zona Oeste do Rio do dia 13 de junho ao dia 22 de junho.

O NP participou da coletiva de imprensa, onde Chimamanda respondeu algumas perguntas. A autora revela que escreve sobre negritude e feminino porque é um assunto que a interessa e porque quer um mundo mais justo: “Falar sobre negritude e as questões femininas é natural pra mim, é uma forma de lutar contra a opressão. É o centro de tudo“.

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Chimamanda Ngozi Adichie em coletiva de imprensa no Rio Foto: Layla Silva/ Notícia Preta

A escritora também está no Brasil para lançar seu 8º livro,  ‘A contagem dos sonhos’, um romance que fala sobre relações românticas, familiares e de amizade e faz reflexão sobre a maternidade. “Eu criei uma história de mulheres. Eu queria falar sobre diferentes mulheres e vozes. Um personagem vendo a história do outro. Tenho esse personagem na minha cabeça há anos”, afirmou Chimamanda.

Crianças e o baixo interesse na leitura

Em última pesquisa realizada para medir o número de leitores no Brasil, os dados revelaram que metade da população brasileira não lê livros regularmente. A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” revela que 53% dos brasileiros não leram nenhum livro nos três meses anteriores ao levantamento, realizado em novembro de 2024.

Refletindo sobre o baixo interesse das crianças na leitura, Chimamanda acredita que esse é um problema que tem atingindo o mundo como todo e que muitos adultos não cumprem seu papel: “A gente sabe que é muito mais fácil dar uma tela para criança, por estar cansados ou sobrecarregados, mas aprendemos muito mais lendo. Os adultos podem não estar sabendo escolher o tipo de livro que as crianças gostam. Eu tive essa batalha com a minha filha. Ela não gostava de ler, e a gente não deixava ela ter celular quando mais nova. Então eu mudei os livros que eu escolhia para coisas que ela poderia gostar e agora ela está lendo.”

Preocupação com Gaza

Chimamanda também revelou sua preocupação com a situação do mundo, principalmente dos últimos acontecimentos em Gaza, e que talvez seja a hora de mulheres estarem no poder: “Eu me preocupo com tudo, me preocupo com as pessoas na faixa de Gaza e acho que muitos líderes que deveriam estar liderando e comandando estão sendo descuidados com a situação do mundo. Talvez seja a hora das mulheres estarem no poder”.

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Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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