“A polícia não tem o papel de punir pessoas, isso cabe ao poder judiciário”, diz Chavoso da USP no NP Notícias

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Thiago Torres, mais conhecido como Chavoso da USP, foi o convidado do NP Notícias desta quarta-feira (21). Durante a entrevista, o sociólogo e comunicador popular fez críticas contundentes à atuação das forças policiais no Brasil, denunciando a espetacularização da violência e o apagamento das vítimas negras e periféricas. “A polícia não tem o papel de punir pessoas, isso cabe ao Poder Judiciário. A polícia tem o papel de deter”, afirmou.

Confira a entrevista completa no nosso canal do Youtube: Notícia Preta, o jornal NP Notícias vai ao ar toda 4ª feira às 12h, com muita informação, entrevistas, debates e comentários.

Ao discutir a criminalização de pessoas com passagens anteriores pela polícia, Chavoso propôs uma reflexão sobre o papel da sociedade nesse julgamento contínuo. “As pessoas que cometeram determinados crimes dez, quinze, vinte anos atrás vão ter que ser eternamente julgadas por esses atos?”, questionou. Segundo ele, não se reconhece a possibilidade de transformação. “Não existe ressocialização, não existe mudança de vida”, completou.

Ele também destacou a ilegalidade de abordagens violentas feitas por agentes do Estado. “Em que lugar da Constituição ou do Código Penal diz que policiais têm o direito de tratar pessoas dessa forma, pelo motivo que seja?”, questionou. Para Chavoso, é essencial reafirmar os limites da atuação policial:

“Depois de todo um processo concluído, depois dessa pessoa ter se defendido, aí sim ela pode ser punida — e não antes”, afirmou.

Ao discutir a criminalização de pessoas com passagens anteriores pela polícia, Chavoso propôs uma reflexão sobre o papel da sociedade – Foto: Reprodução Youtube/Canal Notícia Preta.

A entrevista também abordou o papel histórico da Polícia Militar no Brasil. Chavoso contestou a ideia de que essa instituição seja apenas herança da ditadura militar. “A polícia militar é uma herança da escravidão. Foi fundada em 1809, no Rio de Janeiro, para proteger a propriedade das elites e controlar a população negra e indígena”, afirmou.

Outro ponto central da conversa foi o controle da informação no Brasil. “É uma batalha extremamente desigual”, afirmou Thiago. “Se não houver reformas políticas profundas, principalmente na democratização dos meios de comunicação, a gente nunca vai estar em pé de igualdade.” Ele criticou a concentração midiática nas mãos de poucas famílias. “São cinco famílias bilionárias que controlam a TV aberta, e as mesmas controlam jornais, rádios e revistas. Elas usam esses veículos para espalhar sua visão elitista, burguesa e racista de sociedade.”

Essa estrutura, segundo ele, está totalmente conectada ao poder político. “No Paraná, a Rede Massa pertence à família do governador. Na Bahia, a TV Bahia é da família ACM. São oligarquias que dominam a comunicação e a política local há décadas. Por isso, minha luta é voltada para a base e para o povo. Porque nessa luta desigual, de um lado estão as elites com tudo: comunicação, política, forças armadas. Do outro, o povo desorganizado e domesticado. Nosso papel é dialogar, construir massa crítica e, pouco a pouco, confrontar esse sistema.”

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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