O grupo responsável pelas ações táticas, apontados por elaborar plano de sequestros e assassinatos é formado por 11 membros das Forças Armadas e um policial federal
Nesta terça-feira (20), a primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus mais 10 acusados para integrar a trama golpista, a partir da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Os ministros, de forma unânime, votaram para acolher denúncia contra 10 acusados e rejeitaram a denúncia de 2 dos denunciados que formavam o ´núcleo 3´ da trama. O relator do caso, Alexandre de Moraes que foi o primeiro a votar, alegou que não há indícios suficientes para os tornarem réus os denunciados: coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães e o general Nilson Diniz Rodriguez.
O núcleo 3 é formado por 11 membros das Forças Armadas e um policial federal e tinham como responsabilidade as ações táticas da suposta trama golpista. Uma das ações incluía o plano de atentado contra autoridades, chamado “Punhal Verde e Amarelo” que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022 para matar os já eleitos presidente Lula e vice-presidente Geraldo Alckmin e prender Alexandre de Moraes, Ministro do STF.

Em áudios revelados na semana passada, o agente da PF Wladimir Matos Soares, preso desde novembro de 2024, diz que estava pronto para prender o ministro do Supremo. Segundo ele, Moraes “tinha que ter tido a cabeça cortada”. Em outro momento, o policial chegou a afirmar que Lula não seria empossado.
Membros do grupo
- Bernardo Romão Corrêa Netto – coronel
- Cleverson Ney Magalhães – coronel da reserva (teve sua denúncia rejeitada)
- Estevam Gaspar de Oliveira – general
- Fabrício Moreira de Bastos – coronel
- Hélio Ferreira Lima – tenente-coronel
- Marcio Nunes de Resende Júnior -coronel
- Nilson Diniz Rodriguez general – general (teve sua denúncia rejeitada)
- Rafael Martins de Oliveira – tenente-coronel
- Rodrigo Bezerra de Azevedo – tenente-coronel
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior – tenente-coronel
- Sérgio Cavaliere de Medeiros – tenente-coronel
- Wladimir Matos Soares – agente da Polícia Federal (PF)
Os agora 10 réus vão responder uma ação penal no STF, pelos seguintes crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.
Na segunda sessão do julgamento, o relator que é o Ministro Alexandre de Moraes rebateu o argumento de parte dos advogados dos acusados que disseram não ter havido golpe, mas uma tentativa de golpe, o que não deveria ser punido “O golpe de Estado e aqui já foi dito várias vezes que o crime de atentar contra democracia, contra o Estado e o direito de praticar golpe de estado, não existe tentativa. Se a execução se iniciou e o golpe de Estado não se consumou, o crime é consumado. Porque se o golpe de Estado se consumar, não há crime a ser analisado” concluiu Moraes.
Atuação do Grupo
Segundo a PGR o núcleo atua em diferentes frentes, visando fomentar, no meio militar e entre os seguidores do ex-Presidente Jair Bolsonaro, a imagem de que os militares legalistas eram “traidores da pátria”, alinhados ao “comunismo”. E se dividiram da seguinte forma:
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, aceitou liderar o Comando de Operações Terrestres (COTER),conforme as diretrizes do grupo. É importante lembrar que esse órgão do Exército é encarregado de orientar e coordenar o emprego das forças terrestres, o que era relevante para o grupo golpista para a implementação do plano, especialmente na execução de ações sensíveis, como a da prisão do ministro Alexandre de Moraes.
Os tenentes Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e agente da Polícia Federal, Wladimir Matos Soares, formavam o grupo responsável pelas ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades.
Os coronéis Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Fabrício Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Júnior, o general Nilton Diniz Rodrigues e os tenentes coronéis Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araujo Junior conhecidos como “kids pretos” , também chamados de “forças especiais”, promoveram ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe.
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