Dialogando com linguagens da poesia, música e audiovisual, “Iyamesan” é um espetáculo de dança, valorizando a potência das mulheres negras. O projeto é idealizado e dirigido por Luna Leal e conta com as artistas criadoras Aline Valentim, Bellas da Silveira, Camila Dias, Dandara Abreu, Dandara Patroclo, Gheise Ângeles, Ibis Lima, Natasha Pasquini e Tatyane Amparo. O espetáculo fará apresentações entre os dias 7 e 10 de abril em escolas municipais do Rio de Janeiro.
As apresentações sao feitas para o público da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O objetivo é ampliar o debate entre arte e educação, fortalecendo assim a Lei 10.639/2003 que tem como obrigatoriedade, o ensino de história e cultura afrobrasileira.

Pensando no campo da educação, segundo o Censo Escolar (2020), a EJA demonstrou o maior número de queda de matrículas e evasão escolar. O perfil destes estudantes é cada vez mais jovens, de trabalhadores informais e mulheres negras chefes de família.
“Neste sentido, realizar este projeto, inserido no ambiente escolar é uma oportunidade de potencializar a arte como ferramenta de educação, comunicar questões do cotidiano deste público através das diferentes expressões artísticas”, comenta Kirce Lima, CEO da eLabore.Kom., que também assina a direção de produção.
A diretora também reforça que o projeto, em sua trajetória, foi contemplado por seis editais de diferentes esferas culturais como Cultura Presente nas Redes 2 e Giros, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, SESC e FOCA, Diversidade e Linguagens, da Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro.
“Durante as quatro temporadas para o teatro, atingiu a um público de aproximadamente 1000 pessoas, dentre elas residentes das zonas Norte e Centro da cidade e Baixada Fluminense, majoritariamente por pessoas negras e periféricas, bem como o público de deficientes auditivos e visuais”, acrescenta.
O processo de criação de “Iyamesan” começou a partir de áudios no WhatsApp, que se transformaram em textos e, por fim, em movimento. Inicialmente, o projeto foi apresentado no formato audiovisual para a plataforma Youtube e, posteriormente, para os palcos, como espetáculo de dança.
Os textos criados deram vida ao livro “Iyamesan, a senhora das nove partes”, e a escritora, Suzana Barbosa, nesta temporada do espetáculo, irá mediar rodas de conversa falando sobre a relação da literatura com o corpo.
“O diferencial desta temporada é que as apresentações serão dentro de escolas do município, para estudantes que estão em outro processo de aprendizagem. Ao todo, serão quatro unidades escolares receberão o projeto: apresentações em Olaria, Ramos e Penha”, ressalta Kirce Lima.
Contemplado no Edital Pró-Carioca Linguagens da Secretaria Municipal de Cultura, com recursos da Lei Aldir Blanc de Incentivo à Cultura, o espetáculo é inspirado na cultura Iorubá, “Iyamesan” conta o itan, conto sagrado, daquela que foi cortada em nove partes, a mãe dos noves filhos, a mãe dos nove céus.
Historicamente as mulheres negras possuem papel fundamental na preservação da cultura, das tradições e religiões de matrizes africanas e as que mais sofrem intolerância religiosa. Situações estas, que mostram o lugar da mulher negra na resistência para manutenção da vida e sobrevivência do seu povo.
“O espetáculo surgiu depois de uma roda de conversa com algumas mulheres, nove exatamente, e eu fiquei pensando naquele número forte, só mulheres pretas na roda, e me veio a ideia de criar um vídeo performance com elas. Contactei uma amiga que escreve, uma que é musicista e uma da fotografia”, revela Luna.
Luna conta ainda que recorre ao universo das culturas afro-brasileiras como fundamento, com o objetivo de evocar o poder feminino na constituição do mundo e todas as coisas criadas. A diretora enfatiza ainda que o espetáculo não era, inicialmente, para o palco, mas de vídeo e ela resolveu levar para cena.
O projeto conta com 9 bailarinas em cena e com uma equipe majoritariamente formada por mulheres negras, passando por todas as etapas de realização do projeto como idealização, direção, trilha sonora, bailarinas entre outros setores de produção.
Cultura nas escolas
Outros projetos com temática semelhante também farão apresentações gratuitas nas escolas. É o caso do espetáculo ‘A Menina Dança’, em homenagem à Maria Felipa realiza circulação em Escolas da Rede Pública de ensino na cidade do Rio de Janeiro, Nilópolis, Itaguaí e Mangaratiba.
Além dele, acontece também a 3ª edição do projeto Poéticas na Escola – Slam, realizada pela Alkebulan Arte e Cultura, promete oferecer para estudantes da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro. São realizadas oficinas de escrita criativa e performática e apresentações performáticas de poesias slam, conduzidas por artistas experientes.
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