Uma clínica clandestina localizada em Joanápolis, distrito de Anápolis – Goiás, foi interditada na última sexta-feira (21), após denúncia anônima da família de uma das vítimas à Delegacia do Idoso de Anápolis (Deai). Segundo o delegado da Polícia Civil de Goiás (PCGO) e responsável pelo caso, Manoel Vanderic, a clínica hospedava 13 idosos e foram encontrados pacientes dopados, comida estragada e camas com fezes. O dono da clínica, que não teve o nome divulgado, já foi indiciado por maus-tratos e cárcere privado, mas está foragido.
Conforme divulgado pelo portal G1 e Jornal Anhanguera, a denúncia aconteceu após uma das idosas ligar para a família no dia anterior e contar as condições que a clínica se encontrava. Após isso, a família denunciou a clínica e resgatou a vítima. Dos 13 idosos, 11 foram resgatados pela polícia e o restante saiu. Os idosos passaram por triagem da Assistência Social de Anápolis e uma parte foi encaminhada aos familiares e outros estão acolhidos em abrigos da cidade.

O delegado afirmou que a internação variava entre de R$ 1,8 mil a 2,5 mil por mês e que o lugar se encontrava com fezes, urina e mau cheiro nos colchões e que os pacientes não tinham tratamento médico, de enfermagem ou psicológico, além de serem aplicadas medicações sem nenhuma prescrição médica ou psiquiátrica. Segundo a polícia, os internos estavam com sinais de possíveis doenças dermatológicas e utilizavam roupas inapropriadas .
“Encontramos o lugar bem sujo, com fezes, urina, comida estragada, pouca comida na geladeira, comida perdida de um dia pro outro que eles comiam, guardada em balde. A geladeira sem alimento, produtos vencidos, comida muito fermentada já na panela na cozinha para o dia seguinte. A gente percebeu que alguns idosos estavam meio dopados. Alguns idosos estavam com muita coceira, com muita ferida no braço. A gente não sabe se é sarna ou se é uma reação alérgica ou de medicação”, relatou ao portal.
Histórico de crimes
A clínica, que era localizada em uma propriedade rural há três meses, estava sob os cuidados de dois ex-dependentes químicos que já haviam sido internos de outra clínica do proprietário. O delegado afirmou que os dois responsáveis pelos cuidados dos idosos saíam para beber e os próprios idosos se cuidavam entre si. “Esse proprietário já foi preso em 2023 pelo mesmo crime, só que era uma clínica de dependentes químicos, que foi fechada em Anápolis por maus-tratos e falta de documentação”.
O dono da clínica foi indiciado por maus-tratos, cárcere privado, apropriação de aposentadoria, trabalho análogo à escravidão e retenção da documentação dos idosos. Além do dono, que está foragido, outro funcionário, identificado como gerente financeiro da clínica, também foi indiciado.
Leia também: Mais de 50% dos casos de demência na América Latina são evitáveis, indica estudo