São Paulo terá estátua de Tebas, paulista escravizado, reconhecido arquiteto 200 anos após sua morte

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No próximo dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a capital paulista ganhará uma estátua do arquiteto, e ex-escravizado, Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas. A obra é assinada pelo artista plástico mineiro Lumumba Afroindígena, que já trabalhou em projetos na Disney e Dreamworks e de coautoria da arquiteta Francine Moura.

A história de Tebas passou por um grande processo de apagamento. Até pouco tempo, sua própria identidade era considerada uma lenda. Não há dúvida, no entanto, sobre a importância de seu trabalho, que resiste ao tempo no centro da capital paulista nas fachadas da Igreja da Ordem 3ª do Carmo e da Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco.

No século XVIII, o artista ficou conhecido por dominar a arte da cantaria, ofício de talhar pedras em formas geométricas para construções, e criar projetos para edificações, principalmente religiosas, no centro da cidade. Além de ter ornamentado a fachada de endereços como a antiga igreja do Mosteiro de São Bento, ele ergueu o primeiro chafariz público da capital,o da Misericórdia, instalado na atual rua Direita.

O monumento custou cerca de R$ 171 mil e foi pago pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. A obra faz parte de um pacote de ações antirracistas que teve início em julho, com o projeto Vozes Contra o Racismo.

A estátua é feita de aço inox, ferro e concreto aparente na base. Ficará na Praça Clóvis Bevilácqua, próxima à Praça da Sé, entre as igrejas da Sé e do Carmo. Há quem diga que foi trabalhando na construção destas igrejas que o arquiteto conseguiu, aos 57 anos, juntar dinheiro suficiente para pagar por sua alforria. As versões sobre sua alforria, entretanto, são contraditórias. Existem versões que afirmam que Tebas conseguiu sua alforria entre 1777 e 1778, após uma ação judicial movida contra a viúva de um empreiteiro chamado Bento Lima. Outros enfatizam que Tebas trabalhava com um grau de autonomia ― na condição de liberto condicional ―, assinando contratos, o que o levou a comprar sua liberdade em troca de projetos. Há também relatos de que teria sido alforriado em testamento pelo empreiteiro Bento Lima.

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