A edição do dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) lançado nesta semana analisando dados de 2017 a 2024, aponta que 78% das pessoas trans que foram assassinadas no Brasil, eram negras. Só em 2024, dos 86 casos em que segundo a ANTRA “foi possível determinar a raça/cor das vítimas“, pelo menos 67 casos a vítima era negra.
O documento aponta que “não resta dúvidas de que é a população trans negra a que vem sendo o alvo preferencial do racismo transfóbico“, e que é necessário aprofundar discussões sobre racismo estrutural, colorismo, e a vivência dessas pessoas a depender da região e do estado.
De 2017 a 2024 pessoas negras, pretas e pardas, foram a maioria das vítimas, principalmente em 2018 e 2019, em que eram 82% das vítimas nestes anos.
Em 2024, 66% das pessoas trans assassinadas tinham menos de 35 anos. “A média de idade das vítimas, registrada em 32 anos em 2024, reflete o cenário enfrentado por essa população, sendo um dado pontual que varia anualmente, mas que evidencia de forma consistente a vulnerabilidade da juventude trans“, diz o documento.
Em 2024 o estado com o maior número de assassinatos de pessoas trans e travestis foi São Paulo, seguido por Minas Gerais e Ceará. Já a região Nordeste que concentra a maior parte dos assassinatos em quase todos os anos, inclusive em 2024, seguido pela região sudeste.
Já com relação a identidade de gênero, das 122 vítimas de assassinatos localizadas e consideradas nesta pesquisa, em 2024, 117 eram travestis/mulheres trans, que segundo o dossiê, demonstra que “a violência de gênero, a motivação, assim como a própria escolha da vítima tem relação direta com a identidade de gênero (feminina) expressa pelas vítimas“.
Leia o Dossiê completo aqui.
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