Durante 2024, a fronteira euro-africana teve o período mais mortal já registrado, com números devastadores com média de 30 mortes por dia. Entre as vítimas estão 421 mulheres e 1538 crianças e adolescentes, ao todo são 10.457 mortos. Esses são dados do relatório Direita a Vida 2024 da organização não governamental (ONG) Monitoramento do Direito à Vida, da Espanha, que foi publicado em dezembro de 2024.
A rota do Atlântico registrou 9.757 mortes e continua sendo a mais mortal do mundo. As tragédias na rota da Mauritânia aumentaram, consolidando o país como o principal ponto de partida para as Ilhas Canárias na Espanha. A rota argelina, no Mediterrâneo, é a segunda mais mortal de acordo com o relatório, com 517 vítimas. O Estreito de Gibraltar teve até 110 vidas e outras 73 foram perdidas na rota de Alborán. Além disso, um total de 131 barcos foram perdidos com todas as pessoas a bordo.
Além desses números, o relatório Direito à Vida 2024 mostra as principais causas do aumento de naufrágios e vítimas. Entre os principais, destaca-se:
- Omissão do dever de ajudar
- Priorização do controle migratório sobre o direito à vida
- Externalização das fronteiras em países sem recursos adequados
- Inação e arbitrariedade nos resgates
- Criminalização das organizações sociais e das famílias
- Além de situações de extrema vulnerabilidade que empurram os migrantes a se jogarem ao mar em condições muito precárias.
Mulheres enfrentam violência na fronteira
No relatório, a ong analisou a situação das mulheres nas travessias migratórias, que ocorrem principalmente em barcos infláveis entre Agadir e Dakhla. Durante o trânsito, essas mulheres sofrem violência, discriminação, racismo, deportação e violência sexual, sendo forçadas a sobreviver em condições extremas que as empurram para a mendicância, prostituição e trabalho precário, além de correrem o risco de serem recrutadas por redes de tráfico.
As crianças nas rotas migratórias
A pesquisa aponta para um aumento do número de crianças e adolescentes nas principais rotas migratórias para a Espanha que continuam sofrendo com a falta de proteção e falta de garantias das autoridades. De acordo com a ONG Esses menores são tratados como migrantes e não como crianças, por isso são expostos ao marketing político e são alvos de discursos de ódio, o que os expõe a situações de violação de seus direitos.
Confira o relatório em espanhol aqui.