Prefeito do Rio inicia novo mandato com promessas de força de segurança e genérico do Ozempic

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Eduardo Paes será o político que por mais tempo administrou a cidade do Rio, ultrapassando seu antigo político, Cesar Maia - Foto: CMRJ

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, tomou posse nesta quarta-feira (1º), em cerimônia realizada no Palácio da Cidade, em Botafogo, marcando o início de seu quarto mandato. Durante o discurso, Paes anunciou a criação de uma Força Municipal de Segurança e a distribuição de um genérico do medicamento Ozempic, voltado ao tratamento da obesidade, como parte de suas prioridades de governo.

A proposta de criar uma força municipal de segurança armada gera questionamentos sobre sua viabilidade legal e impacto social. Pela Constituição Federal, a segurança pública é uma responsabilidade dos estados, enquanto o município, por meio da Guarda Municipal, deve atuar na proteção de bens, serviços e instalações públicas. Paes, inclusive, já reconheceu essa limitação em entrevista à CNN Brasil em 2020, ao afirmar: “Colaboramos, mas segurança pública é com o estado“. Ainda assim, ele defendeu que o efetivo trabalharia como apoio em locais de grande concentração de pessoas e na “refundação” da Guarda Municipal.

A violência policial no Rio de Janeiro tem impacto desproporcional sobre a população negra. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, em 2019, 86% das pessoas mortas pela polícia no estado eram negras. Esse cenário reforça preocupações de que a criação de uma força de segurança adicional possa intensificar abordagens violentas contra comunidades já marginalizadas, especialmente nas periferias.

Eduardo Paes será o político que por mais tempo administrou a cidade do Rio, ultrapassando seu antigo político, Cesar Maia – Foto: CMRJ

No campo da saúde, Paes anunciou a criação de um programa municipal de combate à obesidade, com a possibilidade de distribuir o genérico da semaglutida, conhecido comercialmente como Ozempic, caso a patente do medicamento seja quebrada. O prefeito criou um grupo de trabalho para estudar a implementação de um programa de combate à obesidade.

Vamos criar um programa de combate a obesidade que já estabelece as bases para aquisição da semaglutida, o Ozempic, a partir da quebra da patente do medicamento“, disse Paes.

No entanto, a abordagem do prefeito tem gerado controvérsia. Durante a campanha eleitoral, Paes afirmou que “o Rio vai ser uma cidade que não vai ter mais gordinho”, declaração que foi criticada como gordofóbica. Embora tenha negado qualquer intenção preconceituosa, o comentário levantou debates sobre a forma como o tema da obesidade deve ser tratado em políticas públicas.

Segundo dados do IBGE, a obesidade é mais prevalente entre pessoas de baixa renda, devido à dificuldade de acesso a alimentos saudáveis e ao sedentarismo decorrente de contextos urbanos precários. Paes afirmou que a medida visa atender as populações mais vulneráveis, que enfrentam barreiras financeiras para acessar tratamentos como esse.

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Paes destacou ainda que sua gestão dará prioridade às populações mais pobres, afirmando que “não haverá sectarismo”, mas que os mais vulneráveis devem ser priorizados por terem maiores necessidades. O impacto dessas medidas, no entanto, dependerá da execução e da capacidade de enfrentar as desigualdades estruturais da cidade.

As propostas anunciadas no discurso de posse colocam em pauta questões centrais para o Rio de Janeiro, como segurança pública e saúde, mas exigem atenção a desafios históricos, como o racismo institucional e as desigualdades sociais. A efetividade dessas políticas dependerá de sua integração com iniciativas mais amplas e de um cuidado especial para evitar a perpetuação de estigmas e a ampliação de desigualdades.

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