Valor gasto com guerra às drogas em 2023 equivale a construção de cerca de 1.000 escolas, aponta estudo

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A chamada ‘guerra às drogas’ consumiu em 2023, R$ 7,7 bilhões do orçamento de seis estados: Bahia, Distrito Federal, Pará, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Os dados são do levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), que também aponta que esse valor equivale a construção de 954 novas escolas públicas.

O levantamento considerou gastos com Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, sistema penitenciário e socioeducativo. O mesmo valor, de acordo com os dados do CESeC, também equivale a 1 ano de manutenção de 396 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Valor foi gasto na Bahia, Distrito Federal, Pará, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo /Foto: Tânia Rêgo – Agência Brasil

No último ano, foram detidas 68.396 pessoas nas seis unidades da federação analisados com base na Lei de Drogas, sendo a população negra a mais atingida. “A guerra às drogas se assemelha a uma jogada de bumerangue amadora e sem estratégia, mas o objeto aqui é um montante bilionário de dinheiro público, que se volta contra a população, com impactos devastadores, principalmente para a juventude negra e periférica”, destaca Julita Lemgruber, coordenadora do CESeC e do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir.

A Lei nº 11.343, de Drogas, penaliza não só o tráfico, mas também a produção, consumo e associação, por exemplo. A descriminalização das drogas, mais especificamente da maconha, foi pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) este ano. A Corte decidiu pela descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.

Do valor gasto, R$ 4,5 bilhões foram consumidos pela Polícia Militar e o Sistema Penitenciário.

Nós, enquanto sociedade, precisamos refletir sobre o custo-benefício dessa política ineficaz, cara, que produz mais violência e gera dor e sofrimento sobretudo para a população mais vulnerável“, afirma Mariana Siracusa, coordenadora adjunta do CESeC.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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