Secas e degradação da terra já afetam quase metade da população mundial, dizem especialistas

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Por ONU News

Em todo o mundo, cerca de 40% das terras estão degradadas, o que afeta a vida de 3,2 bilhões de pessoas com a perda de produtividade biológica e econômica. Também segundo especialistas, até 2050, cerca de 7,5 bilhões de pessoas sentirão o impacto da seca. O alerta foi feito durante a abertura da  16ª Sessão da Conferência das Partes, organizada pela ONU, nesta segunda-feira (02).

A COP16, da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, Unccd, acontece em Riad, na Arábia Saudita. Na abertura, o presidente recém-eleito da Unccd e ministro saudita do Meio Ambiente, Abdulrahman Alfadley, disse que as terras degradadas representam maior risco de migração, instabilidade e insegurança para muitas comunidades.

Um homem planta uma muda no norte de Burkina Faso /Foto: Banco Mundial/Andrea Borgarello

As secas, que são uma questão prioritária na COP16, estão se tornando mais frequentes e severas, aumentando em 29% desde 2000, devido às mudanças climáticas e à gestão insustentável da terra.

Até 2050, três em cada quatro pessoas em todo o mundo, cerca de 7,5 bilhões de pessoas, sentirão o impacto da seca.

Em discurso por vídeo, a vice-secretária-geral da ONU pediu aos delegados da COP16 que façam sua parte e “virem a maré”, concentrando-se em três prioridades, incluindo o fortalecimento da cooperação internacional.

Amina Mohammed disse que também é crucial “intensificar” os esforços de restauração e trabalhar em direção à “mobilização em massa de financiamento”.

De acordo com ela, “os investimentos acumulados devem totalizar US$ 2,6 trilhões até 2030”. Mohammed sublinhou que o valor equivale ao que o mundo gastou em defesa somente em 2023.

Nutrindo a humanidade

Já o secretário-executivo da Unccd, Ibrahim Thiaw, destacou que a restauração da terra é essencial para “nutrir a própria humanidade”. Para o especialista, “a maneira como o solo é administrado hoje determinará diretamente o futuro da vida no planeta”.

Ele falou de sua experiência pessoal de conhecer agricultores, mães e jovens afetados pela perda de terras, enfatizando que o custo da degradação se faz presente em todos os aspectos da vida. Isso inclui aumento do preço dos mantimentos, sobretaxas inesperadas de energia e pressão sobre as comunidades.

De acordo com os dados da Unccd, nos quatro anos até 2019, terras saudáveis do tamanho da Índia e da Nigéria combinadas foram afetadas pela degradação da terra.

Thiaw explicou que agricultura, pastoreio excessivo, urbanização, mineração, desmatamento e outros fatores estão impulsionando esse declínio, agravado pelas mudanças climáticas.

Ações ambiciosas e inclusivas

A COP16 oferece uma oportunidade para líderes globais de governos, organizações internacionais, setor privado e sociedade civil de se reunirem para discutir as pesquisas mais recentes e traçar um caminho para um futuro sustentável do uso da terra.

Representando organizações da sociedade civil presentes na conferência, Tahanyat Naeem Satti apelou por “ações ambiciosas e inclusivas na COP16”. Para ele, a “participação significativa de mulheres, jovens, povos indígenas, pastores de rebanhos e comunidades locais na tomada de decisões em todos os níveis deve ser institucionalizada”.

A conferência está programada para durar 2 semanas, até 13 de dezembro, e inclui debates e negociações em torno dos seguintes objetivos:

  • Acelerar a restauração de terras degradadas até 2030 e além
  • Aumentar a resiliência à intensificação das secas e das tempestades de areia e poeira
  • Restaurar a saúde do solo e aumentar a produção de alimentos benéficos para a natureza
  • Garantir o direito à terra e promover a equidade para uma gestão sustentável
  • Garantir que a terra continue fornecendo soluções climáticas e de biodiversidade
  • Promover oportunidades econômicas, incluindo empregos decentes para os jovens

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