A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório nesta terça-feira (12), que diz que pelo menos 90 milhões de refugiados pelo mundo vivem sob o impacto das mudanças climáticas. “A calamidade climática é a nova realidade. E não estamos conseguindo acompanhar,”, diz António Guterres, Secretário Geral da ONU.
No relatório também consta que pelo menos 220 milhões de pessoas precisaram de deslocar dentro do próprio país para fugir dos desastres naturais, que na maior parte das vezes, é agravado pela ação humana devido a combinação da urbanização e pobreza. Locais afetados por riscos climáticos e conflitos, como Haiti, Somália, Etiópia, Síria, Sudão e Mianmar têm metade dessas pessoas.
O relatório, lançado hoje pelo ACNUR em colaboração com 13 organizações, inclusive algumas lideradas por pessoas refugiadas e instituições de pesquisa, usa de dados recentes para mostrar como as questões climáticas e conflitos influenciam para pessoas de maior vulnerabilidade passarem por situações ainda mais graves.
“Para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade do mundo, as mudanças climáticas são uma realidade dura que afeta profundamente suas vidas,” disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
“A crise climática está impulsionando o deslocamento em regiões que já abrigam muitas pessoas deslocadas, agravando sua situação e deixando-as sem um local seguro”, completa ele.
O Alto Comissário apresentou os dados durante a COP 29 em Baku, no Azerbaijão. No documento também é destacado que o financiamento climático não chega aos refugiados, comunidades de acolhimento e nem em outros países que também foram devastados por conflitos, o que dificulta a capacidade de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Hoje, estados frágeis recebem cerca de US$ 2 per capita em financiamento anual de adaptação e em comparação com estados não frágeis, o valor é de US$ 161. As capitais consomem cerca de 90% dos valores que chegam aos estados frágeis, enquanto outras áreas são raramente beneficiadas.
“Pessoas deslocadas e as comunidades que as acolhem, as menos responsáveis pelas emissões de carbono, pagam o preço mais alto. Bilhões em financiamento climático nunca chegam até eles, e a assistência humanitária não consegue cobrir a lacuna crescente. Soluções existem, mas precisamos de ação urgente.” finaliza Grandi.
Confira o relatório.
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