Na última sexta-feira (25), foi divulgado um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, recomendando que o estado do Rio de Janeiro reduza a letalidade policial em 66% para chegar próximo a média nacional em níveis admissíveis dentro de uma democracia.
Segundo o relatório, as polícias do Rio de Janeiro já foram responsáveis por 21.498 mortes por intervenções policiais no estado de 2003 a 2023, números que oscilaram ao longo do tempo.
Em 2023 foram 871 mortes por intervenção, o perfil das vítimas considerando 99,6% das informações disponíveis, eram homens e 54,5% tinham entre 12 e 24 anos.
Entre 2019 e 2023 a vitimização de pessoas negras foi 6,4 vezes superior à de pessoas brancas, conforme cita o relatório. Isso indica que pessoas negras são 4 vezes mais mortas pela polícia do que brancos.
Na análise do documento se encontram também medidas que visam reduzir a letalidade durante operações da Polícia Militar do Rio (PMERJ) e o crime organizado em comunidades, que foram instituídas pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) em novembro de 2019.
O documento foi publicado após a operação policial no Complexo de Israel da última quinta-feira (24), que terminou com três pessoas mortas e três feridos na Avenida Brasil.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que não é possível mais combater o crime organizado da forma que vem sendo feito, pois os impactos são altamente nocivos e tem altas taxas de mortalidade.
“Diante de tudo isso, o relatório vai mostrar que o que está acontecendo no estado justifica o envolvimento do STF, porque, no limite, estamos muito longe do que seria o Estado democrático de direito. A gente hoje vive sob o domínio do medo, do arbítrio, de algo que é extremamente perverso.” completa o especialista.
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