Um espetáculo com a temática favelada e periférica que versa sobre as subjetividades construídas nestes territórios. Este é o pano de fundo da peça “Sem Neurose”, interpretada por Gustavo Luz e direção de Glauce Guima, que fará apenas três apresentações gratuitas no Museu da Maré, na comunidade da Zona norte do Rio, a partir desta sexta-feira (13), até domingo (15), sempre às 19h30.
A peça reforça que, apesar das favelas serem objetos de estudos e experimentações há algumas décadas, suas populações ainda sofrem com a carência de protagonismo na eficiência de suas questões. As necessidades de bairro são de caráter coletivo e singular, uma extensão da dicotomia da própria favela.
“Mesmo sendo uma problemática antiga e persistente, o que se apresenta como solução é a contínua evidenciação e realização de novas abordagens, sobre seus tipos de carências. A partir dessa semente provocativa, é que surge a montagem teatral Sem Neurose”, pontua Glauce Guima, diretora do espetáculo.
Numa realidade onde o ritmo acelerado da população é um estado comum, alimentar o imaginário do homem através da pausa da contemplação da arte é tarefa sucinta e destinada aos artistas. “Poder contrapor uma sociedade anestesiada nas emoções com a sensibilidade do fazer artístico é a capacidade que um artista possui. Evidenciar o tema é também colocar ele em discussão, e criar sementes em torno desse universo, é uma proposta do Sem Neurose”, completa Glauce.
“Sem Neurose” constroi narrativas através de uma dramaturgia que costura poemas e escritas autorais, produzidas na Maré, além de referências antológicas, como a literatura de Geovani Martins, escritor de romance e contos. “A proposta é trazer esse olhar periférico para a peça, através desses artistas mareenses e de fora do território, mas sempre com a sensibilidade de não perder a nossa essência favelada”, comenta o ator e protagonista, Gustavo Luz.
O complexo de favelas da Maré possui, atualmente, mais de 140 mil habitantes, distribuídos em 15 comunidades, segundo o estudo Censo Maré, realizado pela ONG Redes da Maré. Para Gustavo Luz, esse quantitativo faz com que o complexo produza muita arte diariamente. “A Maré é uma efervescência cultural muito grande e não podemos focar apenas nas carências. Elas existem, sabemos disso, mas é preciso olhar adiante, olhar além do que é mostrado rotineiramente. A Maré é cultura e inspiração para cada um de nós”, finaliza.
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