Entidades trabalhistas enviaram ofício ao MPT pedindo abertura de investigação
Sindicatos enviaram, nesta segunda-feira (20), um ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) pedindo a abertura de uma investigação em âmbito nacional para as denúncias de racismo institucional nas lojas McDonald’s. As denúncias iniciais partiram de 16 ex-funcionários do restaurante que relatam situações de racismo.
O documento, entregue ao MPT, contém relatos dos funcionários de quatro estados diferentes, nos últimos três anos, apontando situações de humilhações de cunho racial, realizadas por seus supervisores em espaço de trabalho. Uma investigação já havia sido iniciada pelo Regional do Trabalho da 9ª Região, em Curitiba.
Segundo os funcionários, os supervisores os chamavam de “negrinha do cabelo ruim”, “cabelo duro”, “macaca” e “pretinha suja”. De acordo com uma das funcionárias, que preferiu não se identificar, já ocorreu a exclusão de atuar durante um evento internacional da rede de fast food por causa de sua pele. Em seu relato ao MPT no Paraná, ela contou que também foram excluídas do evento pessoas gordas e homossexuais. “Tais práticas podem estar acontecendo em um universo considerável de lojas McDonald’s no Brasil, sem que a empresa adote medidas concretas e efetivas para evitá-las, explicitando-se o descaso e negligência com a situação, para se dizer o mínimo, o que evidencia possível racismo na corporação de ordem organizacional”, relatam as entidades trabalhistas no ofício, que pedem a ampliação das investigações.
A Arcos Dorados, responsável pela franquia de restaurantes McDonald’s no país, informou, em nota, que não teve acesso ao documento e, portanto, não pode se posicionar sobre a questão. Afirmou ainda que treina seus funcionários de acordo com o Código de Conduta.
As entidades sindicais exigem, através do ofício encaminhado, que a empresa assuma a existência do problema e tome medida para reparar os danos causados. Segundo o UOL, os sindicatos solicitam a realização de um censo na empresa para aferir a quantidade de funcionários negros que hoje trabalham na rede, assim como os cargos que ocupam, a renda média, idade e gênero. “A empresa deve esclarecer se existem programas de conscientização da questão racial e treinamento dos gerentes para saber lidar com esses problemas no dia a dia”, afirmou Alessandro Vietri, advogado responsável pela queixa. “É essencial que haja um canal de comunicação eficiente e sigiloso para que as vítimas possam denunciar de forma segura. Para acompanhar a questão de perto, com auxílio das centrais sindicais, o MPT deve realizar um trabalho de campo a fim de levantar os números dos trabalhadores que prestam serviço à empresa, com recorte de raça/cor e gênero, possibilitando a criação de um observatório permanente e transparente”, completou.
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