Na última sexta-feira (07), a comunidade do Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê localizado na Cidade de Cachoeira (BA), usou seu perfil no Instagram para expor que homens armados estavam rondado a região. O terreiro tombado como Patrimônio Cultural Brasileiro, falou sobre a sensação de insegurança.
“A comunidade do Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê, tombado definitivamente como Patrimônio Cultural Brasileiro e localizado na Cidade de Cachoeira, na Bahia, vem a público mais uma vez relatar que foram flagradas pessoas armadas dentro de uma caminhonete Frontier branca rondando os arredores do nosso terreno. Novamente, nos sentimos num cenário sob forte ameaça e insegurança”, diz o comunicado
Em outubro de 2023 Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê foi reconhecido como Patrimônio Histórico, Cultural, Material e Imaterial. O terreiro foi fundado em 1916 por Mãe Judith Ferreira do Sacramento, atualmente liderado por Pai Duda de Candola. Em 2014, o espaço foi inscrito no Livro de Registro Especial de Espaços de Práticas Culturais Coletivas, sendo assim tombado pelo Patrimônio Imaterial da Bahia.
“Nossa casa de Candomblé é Centenária e reconhecida em níveis Municipal, Estadual e Federal como um patrimônio cultural. Clamamos por segurança em nossos direitos mais básicos e pedimos a ajuda de todas as autoridades competentes”, disseo terreiro que informou que após a denúncia, receberam a visita de agentes da 27ª CIPM da Bahia.
“Não estamos sozinhos e não aceitaremos intimidações criminosas em nossa centenária casa de Candomblé, somos reconhecidos como patrimônio cultural do Brasil e só queremos nossos direitos respeitados“.
O Notícia Preta entrou em contato com a Polícia Militar e com a Secretaria da Segurança Pública do estado, para saber se medidas foram tomadas, mas até a finalização da matéria, não recebemos resposta.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), religiões de matriz africana como o candomblé e a umbanda, estão entre as cinco mais seguidas no Brasil, com mais de um milhão de adeptos. Os católicos praticantes são maioria: cerca de 123 milhões de fiéis. Em seguida estão os evangélicos, com 113 milhões.
Conforme o levantamento da startup JusRacial, em 2023 havia 176 mil processos por racismo em tramitação nos tribunais do país, e um terço deles (33%) envolviam intolerância religiosa. A pesquisa foi feita a partir das páginas oficiais dos tribunais durante todo o ano, contando processos concluídos ou em andamento.
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