Jovens negras também são as que tem menos acesso a trabalho de carteira assinada
Conforme revela o relatório “Mude Com Elas”, da ONG Ação Educativa, com dados da pesquisa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), em 2023 as jovens mulheres negras brasileiras entre 18 e 29 anos, enfrentaram uma taxa de desemprego três vezes maior do que a dos homens brancos.
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Enquanto as jovens mulheres negras registraram uma taxa de desemprego de 18,3%, os homens brancos tiveram uma taxa de 5,1%. O desemprego geral do país terminou 2023 em 7,4%. Ainda segundo o relatório, quando empregadas, elas tem uma renda 47% menor que a da média nacional.
Conforme os dados do estudo, a informalidade também atinge mais as jovens negras. Apenas 44% delas possuem carteira assinada, porcentagem similar a dos jovens negros (43,3%), e ainda possuem menos proteções garantidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Já os jovens brancos, tanto mulheres quanto homens, ficaram em torno de 50% com carteira assinada (50,3% para jovens brancos e 49,8% para jovens brancas).
“O estudo mostra que, desde a pandemia, as condições de trabalho melhoraram, mas ainda assim, o Brasil não tem políticas públicas específicas para as jovens negras nem tampouco as empresas possuem um olhar direcionado a essas mulheres, que são frequentemente preteridas em processos seletivos”, afirmou a pesquisa.
O relatório aponta que o grupo das jovens negras também chega menos ao ensino superior no Brasil. Enquanto as jovens brancas frequentando ou concluindo o ensino superior, em 2023, chegavam a 39,8% do total, as jovens negras na mesma situação eram apenas 23,4% do total.
A coordenadora do projeto Mude Com Elas, Fernanda Nascimento, ressalta que tais recordes ajudam a entender os prejuízos provocados pelo racismo no Brasil. “A desigualdade é um fenômeno que infelizmente aparece nos mais diversos aspectos da sociedade brasileira, nas questões jurídicas, econômicas e no mercado de trabalho”.
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